quinta-feira, 30 de junho de 2011

                       Cine CCBEU Belém
             Apresenta: O País de São Saruê

1° de julho – em parceria com a APJCC, o Cineclube Nangetu apresenta: “O país de são Saruê”, de Vladimir Carvalho. 1970.
O País de São Saruê
Direção de Vladimir Carvalho
Cineclube Nanegetu em parceria com a APJCC.
1° de julho, 19h.
Tv, Pirajá, 1194/ Marco.
Informações: 91-32267599
O País de São Saruê é um documentário sobre a vida de lavradores, garimpeiros e outros moradores do nordeste brasileiro, filmado em preto-e-branco e realizado no fim da década de 1960. É possível que a primeira reação do espectador frente a essa descrição seja: “Não, muito obrigado, prefiro ver um filme mais interessante”. Infelizmente, esse preconceito do próprio brasileiro contra filmes de seu país existe, ainda mais com filmes antigos. Sendo documentário, então, nem se fala.


Mas eu sugiro que você dê uma chance a este trabalho de Vladimir Carvalho (irmão de Walter Carvalho, hoje o principal diretor de fotografia do nosso cinema), pois acabará descobrindo uma obra-prima que quase foi perdida com o tempo. Restaurado entre 2003 e 2004 a partir da única matriz ainda existente (um internegativo de 35mm feito a partir do negativo original de 16mm), o filme está agora disponível em DVD para que novas gerações o conheçam.

Na verdade, O País de São Saruê é mais que um documentário. É um verdadeiro ensaio audiovisual sobre a vida sertaneja na região paraibana do Rio do Peixe, situada no “polígono da seca”. Carvalho começa o filme com uma narrativa poética, mostrando a labuta dos moradores e a interação deles com a dura paisagem que os cerca. As imagens são acompanhadas pela narração de um poema de Jomar Moraes Souto, que, para escrevê-lo, se inspirou nas próprias imagens captadas por Carvalho e sua equipe ao longo dos quatro anos de produção. Num segundo momento, o diretor entra na denúncia contra a exploração dos trabalhadores pelos donos de terra (motivo que levou a censura a proibir o filme em 1971 – só foi lançado oficialmente em 1979, quando acabou premiado pelo júri do Festival de Brasília). A voz daquele povo toma as rédeas e conduz o filme a partir daí, em entrevistas com personagens como o ex-lavrador que conseguiu se tornar um bem-sucedido empresário, o voluntário da paz americano dividido entre duas situações políticas conturbadas (a do nordeste brasileiro e a de seu país, em guerra no Vietnã) e o senhor idoso que lamenta a decadência do garimpo na região.

Mesmo com a imagem ainda riscada e com sujeiras, o filme mantém sua beleza estética graças à bela composição dos quadros, aliada à ágil montagem e à praticamente incessante trilha sonora, que varia de cantigas sertanejas aos hits da Jovem Guarda “Quero que Vá Tudo Para o Inferno”, de Roberto Carlos, e “Era um Garoto”, na voz de Brancato Júnior.

Em O País de São Saruê (o título faz uma irônica referência a um cordel que fala de uma “terra prometida”), Carvalho não retrata seus personagens como vítimas, mas como homens e mulheres corajosos que vivem nas mais precárias condições e enfrentam as dificuldades que lhes são impostas. É um filme-denúncia, um tratado, um registro histórico, que valoriza o esforço daqueles que eram (e ainda são) prejudicados pela miséria. (Renato Silveira)
A sessão do dia 1° de julho acontece em Parceria com a APJCC - Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema e contará com Miguel Haoni na condução da roda de conversa.

Cineclube Nangetu, coordenação: Kota Mazakalanje.
Tv. Pirajá, 1194 – Marco da légua, Belém/PA. 91- 32267599.
Início de cada sessão- 19h. Ao final haverá roda de conversa com a comunidade do Mansu Nangetu.
O Cineclube Nangetu é premiado no Edital Cine Pará Mais Cultura, e conta com a parceria do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Pará, Secretaria de Estado da Cultura, PARACINE, rede [aparelho]-: e Idade Mídia.
O Instituto Nangetu é Ponto de Mídia Livre/ 2009.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Debate sobre Plano Nacional de Educação dia 05 de julho, em Marabá   
No dia 05 de junho, terça-feira, o Prof. Luiz Araujo apresentará no Campus de Marabá uma análise do Plano Nacional de Educação e debaterá o texto e a tramitação do plano com a comunidade acadêmica e externa. O debate deverá contar com a presença de docentes, sindicalistas e dirigentes municipais de educação, sendo de grande importância para todos, mas especificamente para alunos e docentes dos cursos de licenciatura. Luiz Araujo foi presidente da UNDIME (União Nacionak dos Dirigentes Municipais de Educação) e hoje atua como assessor da entidade, acompanhando de perto os debates sobre o PNE. O debate será no auditório do Campus I, a partir das oito horas da manhã. Hildete Pereira dos Anjos

domingo, 26 de junho de 2011

Maria Bethânia
 "Só canto o que quero”

"Só canto o que quero, com quem quero, como quero e quando quero. Nunca entendi nenhum movimento, porque não tenho paciência, não posso jamais ser uma cantora de bossa nova. Uma cantora de protesto, uma cantora tropicalista. Como cada dia eu quero cantar uma coisa, prefiro não me ligar à nada e a ninguém, para poder cantar o que o meu coração mandar".    
                                                                   Maria Bethânia


A Secretaria Municipal de Saúde de Xinguara realizou neste sábado (25), a 7ª Conferência Municipal de Saúde para formação do Conselho Municipal de Saúde e para a escolha dos delegados que irão participar da Plenária Estadual de Saúde no mês de outubro, em Belém.
O conselheiro estadual de saúde, Pedro Neto, que veio a Xinguara fiscalizar o trabalho de escolha dos conselheiros municipais, explicou que o conselho municipal de saúde é o órgão que fiscaliza a gestão de aplicação das verbas públicas no âmbito do Serviço Único de Saúde – SUS.
“As conferências servem também para se discutir o plano municipal de saúde, o que deu certo e o que deu errado, fazer propostas construtivas tanto de gestão quanto de usuários, para que melhore a saúde e o SUS se fortaleça”, explicou Pedro Neto.
A secretária de Saúde de Xinguara, Rosinete Passos, lembrou que este foi um grande momento dentro do SUS porque a conferência é a estância maior de participação popular, onde várias entidades representativas da comunidade se fizeram presente para a escolha dos conselheiros de saúde do município.
Rosinete disse ainda que dentro da gestão dela como secretária de saúde de Xinguara, todo trabalho para evolução da saúde pública no município, vem sendo feito para alcançar os melhores índices de atendimento, apesar de reconhecer que muita coisa ainda precisa ser feita, mas muito se fez e muito ainda se fará para que a população seja cada vez mais beneficiada com o trabalho da secretaria de saúde – Edmar Brito
Quem é Gilberto Gil ?

   Gilberto Passos Gil Moreira, Nasceu no bairro do Tororó em 26 de junho de 1942, em Salvador, na Bahia. Seu pai, o médico José Gil Moreira e sua mãe Claudina, em busca de uma vida melhor, mudam do bairro pobre da capital baiana para o interior do Estado, em Ituaçu, à época um lugarejo com cerca de oitocentos habitantes. Ali Gil passou os primeiros oito anos de vida. 
Biografia
Com oito anos volta para Salvador, onde estuda no Colégio Maristas, e frequenta uma academia de acordeon. Quando estava no secundário, recebeu da mãe um violão e conhece o trabalho de João Gilberto, que lhe influencia de imediato.
Nos tempos de faculdade de Administração, Gil conhece Caetano Veloso, sua irmã Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. Realizam a primeira apresentação na inauguração do Teatro Vila Velha em junho de 1964 - com o show "Nós, Por Exemplo".
Formou-se em 1965 e muda-se com a esposa Belina para São Paulo.

Gilberto Gil tem um papel fundamental no processo constante de modernização da Musica Popular Brasileira. Na cena há 46 anos, ele tem desenvolvido uma das mais relevantes e reconhecidas carreiras como cantor, compositor e guitarrista. 
Gilberto Gil tem tido seus álbuns lançados mundo a fora, desde 1978, o ano do sucesso de sua performance no "Montreux Jazz Festival", na Suíça , gravado ao vivo.
Todo ano ele viaja em excursão para a Europa, Américas e Oriente com sua música contagiante, com forte tendência rítmica e riqueza melódica, em uma mistura assim como é a mistura de povos.

Ritmos do nordeste do Brasil como o baião, samba e bossa-nova foram fundamentais na sua formação. Usando essas influências como um ponto inicial, Gil formulou sua própria música, incorporando rock, reggae, funk e ritmos da Bahia, como o afoxé.
A obra musical de Gilberto Gil abrange uma ampla dimensão e variedade de ritmos e questões em suas composições, pertinentes a realidade e a modernidade; da desigualdade social às questões raciais, da cultura Africana à Oriental, da ciência à religião, entre muitos outros temas. A abrangência e profundidade nos diferentes temas de sua obra musical, são qualidades específicas deste artista, fazendo de Gilberto Gil, um dos melhores e mais importantes compositores musicais brasileiros.

A importância de Gilberto Gil na cultura de seu país vem desde os anos 60, quando ele e Caetano Veloso criaram o Tropicalismo. Radicalmente inovativo no cenário musical, o movimento assimilou a cultura pop aos gêneros nacionais; profundamente crítica nos níveis políticos e morais, o tropicalismo finalizou sendo reprimido pelo regime autoritário militar.
Gilberto Gil e Caetano Veloso foram exilados de seu país, indo para Londres.

Em Londres, Gilberto Gil gravou um album em inglês pela gravadora local PHILIPS.

Quando ele retornou ao Brasil, ele começou a series de discos antológicos nos anos setenta: "Expresso 2222", "Gil e Jorge"(com Jorge Ben Jor), " Os Doces Bárbaros" (com os baianos Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia) e a trilogia conceitual: "Refazenda" (sobre a extração de campo), "Refavela" (com ritmos da Jamaica, Nigeria, Rio de Janeiro e Bahia), e "Realce" – este último gravado em Los Angeles, firmando sua opção pela música pop, que direcionaria o desenvolvimento de sua trajetória nos anos 80. Nos anos 90, vieram: "Parabolicamará", "Tropicalia2" ( com Caetano Veloso, celebrando os 25 anos do movimento Tropicalista) e "Unplugged" ( a coletânea de sucessos gravado ao vivo pelo canal MTV). In 1997, Ele lançou o album duplo "Quanta" e em 1998, lançou "Quanta gente veio ver", em album duplo ao vivo, comemorando o enorme sucesso de uma tounee mundial e que ganhou o "Grammy Award" de melhor musica mundial. Em 2000, lançou o CD "Eu, Tu, Eles" e o CD "Gil & Milton" (com Milton Nascimento). Em 2001, lança o CD "São João Vivo". 
Em 2002, lança o CD e DVD "Kaya n´Gan Daya", que depois de uma tournée mundial, tornou-se em CD ao vivo. Em 2004, lançou ao vivo o CD e DVD "Eletracústico". Eletracustico foi o resultado do concerto que realizou na ONU em N.Y. "Eletracústico" veio para atender a imensa demanda do público, depois do intervalo de três anos sem gravar, desde que assumiu o cargo de Ministro da Cultura do Brasil. Alguns dos seus sucessos estão mais intensivamente marcados pelo diálogo entre a percussão acústica e eletrônica, cantando um repertório histórico de sucessos dos anos 60 até os dias de hoje, com a alegria e entusiasmo marcantes da sua voz.
Em 2006, a gravadora Biscoito Fino relança o disco com o título de “Gil Luminoso – voz e violão”, cd que foi gravado em 1999 para ser encartado no Livro “Giluminoso – A Po.Ética do Ser”, de Bené Fonteles. O livro foi uma homenagem a Gil com mais de 50 letras do compositor, fotos e um longo depoimento de Gilberto Gil. A tournée Gil Luminoso, uma das mais belas de sua carreira, passou pela Europa e Estados Unidos.

Em 2008, Gilberto Gil lançou "Banda Larga Cordel", reafirmando seu engajamento irreversível com as novas réguas e compassos do universo “bits and bytes” - tema que o tem fascinado por mais de trinta anos - onde Gil disponibiliza ao máximo seu trabalho para webcasts, podcasts, cellcasts, etc. Os shows tiveram um caloroso convite para que se fotografe e filme o que quiser o quanto quiser. Os bastidores da tour foram lançados na internet ao máximo em diversas plataformas a partir do hotsite especialmente criado.

Em novembro de 2009, Gil excursionou a Europa com o projeto Concerto de Cordas com seu filho Bem, que tem mostrado ser um novo e promissor talento da MPB e Jaques Morelembaum, um dos maiores músicos e arranjadores do país.

Ainda no ano de 2009, em dezembro, foi lançado o CD/DVD  BandaDois, registro do show gravado ao vivo em setembro no Teatro Bradesco em SP, sob direção de Andrucha Waddington. O show, com Gil em voz e violão, contou com as participações de Maria Rita e de seus filhos Bem (que o acompanha ha tempos nas apresentações) e o filho mais novo José, que surpreendeu o público nos números em que toca baixo.

Com 52 albuns lançados, Gilberto Gil tem 12 discos de ouro, 5 discos de platina, 7 "Grammy Awards" e mais de 4 milhões de discos vendidos.

Por seu engajamento sempre criativo em levar para o mundo o coração e a alma da música brasileira, Gilberto Gil tem sido contemplado por diversas entidades e personalidades e tem recebido muitos prêmios no Brasil e no exterior.

Seu talento, sua curiosidade, a firmeza de sua convicção cultural como músico e embaixador, o torna único. Biblioteca MPB.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Prefeitura Municipal de Jacundá, através da SEMATUR, estará realizando no período de 08 a 10 de Julho  o 7º Torneio de Pesca Esportiva de Jacundá, torneio esse que já se tornou tradição no município e, a cada ano, tem um número maior de participantes que buscam lazer e diversão nas águas calmas do Lago de Tucuruí, na vila de Porto Novo. Para maiores informações e inscrever sua equipe BLOG DO ZÉ DUDU clique aqui.

Direito de autor, internet e democracia

Por:Carlos Hahn
Observatório do Direito à Comunicação

Por mais argumentos que ouça, não acredito que a “flexibilização” dos direitos autorais resulte em democratização da cultura. Estou convencido de que muita gente boa escolheu a bandeira errada e, como inocentes úteis, defendem interesses das grandes empresas de comunicação.
Deslumbrados com os brilhos ilusórios que costumam rondar o conceito de liberdade, não percebem que a peleia bonita, que há décadas deveria congregar a classe artística, seria pressionar rádios e TVs – concessões públicas, nunca é demais lembrar – para que exerçam suas funções educativas, veiculando a produção cultural local. E que paguem pelo uso das canções. Mesmo que um músico decida disponibilizar sua obra para download gratuito na internet – decisão plenamente louvável – ele sempre terá o direito de que a utilização dos fonogramas com fins lucrativos, na rádio, na TV, em uma casa noturna, ou onde for, seja devidamente remunerada. A defesa do não-pagamento dos direitos autorais é tiro no pé que tão somente aos barões pode interessar.
Ainda que acabar com os direitos de autor fosse uma maneira efetiva de democratizar a cultura, seria algo tão estapafúrdio quanto iniciar um processo de reforma agrária pela expropriação das pequenas propriedades. O Estado poderia, isto sim, desenvolver programas para levar a música a todos os cantos do país, envolvendo nisso o manancial de compositores que hidrata nossa cultura. Todos devidamente remunerados. Além de uma forma de socialização da arte, essa política resultaria em incentivo real à cadeia produtiva da música. Quem se habilita a peitar os graúdos?
Como editor da revista digital ZoomRS, tenho como um dos principais instrumentos de trabalho a internet. No entanto, considero ingenuidade acreditar no “território livre” da rede mundial de computadores, enquanto todos sabem que a coisa nasceu nas mãos do exército norte-americano e que estará sempre sob sua tutela – pelo menos enquanto durar o império. Nesse sentido, promover a não-regulamentação da web resulta em atitude tão neoliberal quanto defender a pseudo-anarquia do livre mercado. A história já ensinou: para os trabalhadores, regulamentar é sempre a melhor opção.
Tratando de evitar mal-entendidos e aproveitando para aclarar conceitos, até para elevar o nível do debate, cabe aqui fazer a devida distinção entre a defesa do software livre e a apologia do software pirata. Enquanto o primeiro realmente traz em si o espírito democrático e colaborativo, o segundo não passa de apropriação indébita. Da mesma forma, se por um lado disponibilizar mp3 gratuito é uma alternativa válida, por outro, renunciar ao direito autoral é uma opção carente de sentido.
Enfim, fazer alarde em nome da liberdade parece atrair bastante gente. Mas quantos se habilitam a peitar os graúdos da comunicação?
*Carlos Hahn é jornalista, editor da revista digital ZoomRS
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A onda das canções de protesto

Por;Ivan Claudio
Isto É

 Bruxelas, capital da Bélgica. (Foto: AP)


Músicas contra o autoritarismo e de conteúdo político tornam-se populares com as revoltas nos países árabes e em parte da Europa
A participação dos jovens nas recentes convulsões sociais da primavera árabe e do verão dos indignados na Europa trouxe de volta um tipo de música que andava fora de moda desde os turbulentos anos 1960 – a canção de protesto. Em Portugal, por exemplo, a música “Parva Que Sou”, do quarteto lisboeta Deolinda, tem sido apontada como o estopim da mobilização de uma juventude desempregada que coincidiu com a antecipação da escolha do novo primeiro-ministro no início do mês. Sua letra trata da situação dos estudantes recém-formados, obrigados a assinar contratos provisórios de trabalho, a chamada “geração à rasca” (abandonada). “A insatisfação geral vinha crescendo desde que começaram a ser tomadas medidas de austeridade. A canção acendeu o pavio”, disse o grupo à IstoÉ.
Na Espanha não foi diferente e nas “acampadas” (ocupações das praças Puerta del Sol, em Madri, e Catalunya, em Barcelona) o hit dos manifestantes era a música “La Rebelión”, do grupo catalão Macaco, uma rumba-reggae que fala de revoltosos sem partido, tal qual os indignados de agora. Em um show de apoio aos acampados catalães, o cantor franco-espanhol Manu Chao entoou seu sucesso “Zapato Viejo”, usado para criticar as medidas econômicas adotadas pelo primeiro-ministro José Luis Zapateiro. Apesar da grande afluência de músicos imigrantes na ocupada praça Syntagma, em Atenas, é uma canção do passado que tem sido entoada junto às palavras de ordem dos jovens gregos. Trata-se de “Song for Andreas”, que o compositor Mikis Theodorakis, 85 anos, compôs em homenagem a um cientista exilado durante a ditadura em seu país, na década de 1960. “Nós somos dois/Nós somos três/Nós somos mil e vinte três”, diz um trecho da canção.
Embora estejam na origem do movimento europeu, as sublevações nos países árabes têm uma raiz diversa – sua população luta por democracia e, obviamente, os conflitos têm gerado um outro tipo de música. O trabalho do roqueiro egípcio Ramy Assem, que se apresenta em Londres no mês que vem no concerto “A Night in Tahir Square”, é panfletário e sem o menor pudor: “Dê o fora/ Dê o fora/ Caia, Mubarak”, diz o refrão de “Irhal”. Assem se apresentou na praça Tahir durante toda a revolta da população e foi vítima da repressão das tropas de Hosni Mubarak. Nao é à toa que já vem sendo chamado pela imprensa britânica de “Billy Bragg do Egito”, numa referência ao músico mais engajado do rock inglês.
A banda portuguesa Deolinda fala da repercussão de sua música e da situação dos jovens em seu país
*
ISTOÉ - Vocês poderiam fazer um retrospecto do que se deu com a canção “Parva que Sou”?
A canção “Parva que Sou” foi interpretada pela primeira vez no Coliseu do Porto em janeiro. A reação do público a uma música que não conheciam foi esmagadora. Verso a verso, as pessoas iam se levantando e aplaudindo uma canção que nunca tinham ouvido. Após este concerto, rapidamente “Parva que Sou” ganhou notoriedade na internet e depois nos meios de comunicação social. Houve muita discussão acerca deste assunto na sociedade portuguesa, culminando com uma manifestação em 12 de Março que juntou milhares de pessoas por todo o país.
 Muitos comentaristas portugueses atribuem a queda do primeiro ministro José Sócrates aos movimentos gerados pela identificação dos jovens com essa música? É verdade?
 A insatisfação geral vinha em crescendo desde que começaram a ser tomadas medidas de austeridade. A canção acendeu um pavio que poderá ter potencializado uma manifestação que já se adivinhava antes de sua existência.
 Como vocês analisam o poder de mobilização da música hoje, com as redes sociais?
Hoje em dia, com o acesso quase ilimitado a imensas fontes de informação, é mais fácil reunir muita gente em torno de temas que sejam pertinentes para essas mesmas pessoas. A música sempre foi um forte elemento mobilizador social e por isso, a sua força é temida por muita gente.
Vocês pensam que os acontecimentos no Egito foram inspiradores dos jovens portugueses – e, depois dos espanhóis e gregos?
 As pessoas voltaram a perceber que a força popular pode mudar a sociedade. As imagens que nos chegaram do Egito foram impressionantes e foram com certeza inspiradoras de outras manifestações na Europa.
O que diferencia esse tipo de música da antiga canção de protesto? É um retorno ao formato?
Não existe um formato de canção de protesto. O que distingue uma música do gênero é o conteúdo, não a forma. Ouvindo, por exemplo, Zeca Afonso, Bob Dylan, Violeta Parra e Chico Buarque pode-se comprovar isso. Se o conteúdo for atual e pertinente poderá ser considerada um canção de protesto e há muitas bandas e artistas que o fizeram no passado, o fazem agora e o farão no futuro.
Existem outros grupos musicais em Portugal identificados com esse mesmo pensamento?
 A música portuguesa está passando por um momento muito fértil, voltando a utilizar sem constrangimentos a língua portuguesa como ela é falada no dia a dia e temas atuais. Exemplos disto são A Naifa, Anaquim, Virgem Suta, Diabo na Cruz, Márcia, ...
O Deolinda acabou de se apresentar em Barcelona. Como vocês sentiram a força da música lá? Artistas como Manu Chao e Macaco são tocados nos acampamentos. Existem outros?
Nos protestos que tiveram lugar um pouco por toda a Espanha, ficamos sabendo que a canção “Parva que sou” foi ouvida. Ela própria foi traduzida em várias línguas. Da experiência que temos tocando fora de Portugal, sentimos que a música é muito bem recebida e que o público compreende que a nossas composições têm consciência e conteúdo.
Vocês sabem de algum equivalente na juventude grega? Comunicam-se?
 Não temos conhecimento, mas com certeza existem expressões artísticas que demonstram o desagrado da população. Estamos atentos à situação grega e já fizemos várias entrevistas para meios de comunicação social do país.
Vocês estão satisfeitos com e eleição do novo primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho?
 Umas das primeiras medidas tomadas foi acabar com o Ministério da Cultura. Como artistas e cidadãos discordamos veementemente. A margem de governo de um país sujeito às regras do FMI é muito reduzida, prevêem-se tempos difíceis.
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Escrito por Zé Dudu
A realização do plebiscito sobre a divisão territorial do Pará motiva o debate dos aspectos socioeconômicos, ambientais, demográficos, institucionais e de novos cenários. Nesse contexto, o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) coordena os estudos sobre a divisão do Estado, com o objetivo de produzir informações, atendendo a uma demanda de Governo. A primeira reunião de trabalho foi realizada nesta segunda-feira, dia 20, na sede do Idesp.
“Ainda não há um estudo conclusivo que relacione o patrimônio natural do Estado – seja de biodiversidade, hídrico, florestal e mineral – e o que essa dinâmica significa em benefícios para as populações do território dividido, afirma a presidente do Idesp, Adelina Braglia. Os professores Roberto Corrêa e Gilberto Miranda Rocha, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Carlos Augusto da Silva Souza, da Universidade da Amazônia (Unama), foram convidados para a elaboração desse levantamento, considerando o conhecimento técnico e a dedicação científica que têm dado ao tema. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), que possuem termo de cooperação técnica com o Idesp, integrarão a coordenação do estudo.
Serão levantadas produções científicas sobre o assunto, que irão subsidiar o estudo. Algumas delas já estão disponíveis à consulta pública no site do Idesp –cedidas pelos pesquisadores envolvidos no projeto. O plebiscito será realizado até o final deste ano e permitirá aos paraenses decidirem sobre a criação ou não de dois novos Estados – Tapajós e Carajás.
A divisão territorial e política do Pará já foi pauta da Revista de Estudos Paraenses, publicação do Idesp, que em 2008 contemplou artigos de conceituados pesquisadores paraenses na coletânea “A divisão geopolítica e as políticas de integração regional na dinâmica populacional do Pará”.
Não há estimativas de impactos, mas um conjunto de indicadores, reunidos na publicação ”Retrato da Divisão do Estado”, mostra que o Pará ficaria com 56% do Produto Interno Bruto (PIB), Carajás com 33% e Tapajós com 11%. No comportamento da balança comercial, em 2010, no cenário da divisão do estado, tem-se a distribuição: US$ 9.242 bilhões no Carajás, US$ 2.830 bilhões no Pará e US$ 596 milhões no Tapajós. www.idesp.pa.gov.br,
Fonte: Yvana Crizanto – Ascom IDESP

Carajás e Tapajós: a nossa cabanagem

* Por Claudio Feitosa

Uma das sabedorias dos meus tempos enuncia: quando você quiser se posicionar corretamente sobre as coisas, primeiro saiba o que defende a grande imprensa brasileira. Depois, vá para a outra margem do rio.

Sempre achei que esse negócio de Estado de Carajás servia única e exclusivamente aos interesses imediatos de alguns “arautos” das terras de cá. Os de lá (Belém) nem se davam ao trabalho de engrossar a veia do pescoço contra a ideia. Tanto eles quanto eu, achávamos que isso era coisa para as calendas gregas.

Hoje vejo que este país vai continuar a me surpreender até os fins dos meus dias – que só virá sob muito protesto! Aliás, pelo que andei assuntando, serviram-se de uma certa malandragem regimental para fazer com que o projeto fosse votado, o que só corrobora a ideia-chave segunda a qual este país se constitui como o paraíso dos malandros.

Iniciei a prosa falando mal da grande imprensa, coisa que sempre dá ibope, mas a frase ficou solta e preciso fechá-la: a grande imprensa é contra a criação dos Estados de Carajás e do Tapajós. Vou para a outra margem do rio: sou a favor.

Lúcio Flávio Pinto, caso se desse ao trabalho infrutífero de me responder, diria: “mas este argumento é raquítico, famélico, depauperado de ideias”. Ora, já que existe um Lucio Flávio imaginário no meu texto, vou aproveitar para responder, tentando usar minha parca imaginação: caro Lúcio, o Pará teve 400 anos para provar que era viável. Você não acha tempo suficiente?

Todos os dados econômicos usados para demonstrar a inviabilidade dos novos Estados são, invariavelmente, combatidos com argumentos sólidos, mostrando exatamente o contrário. Também já li coisas estapafúrdias em ambas defesas. Mas um fato é incontestável: esses dados são transitórios e absolutamente relativos.

Nesta luta de argumentos há um que – já usado acima – me parece o centro da questão: o Pará tem 400 anos; viveu grandes momentos na história econômica brasileira, protagonizando fatos memoráveis. Entretanto, a realidade que parece inamovível é a absurda diferença regional que se perpetrou por todo esse tempo.

O movimento da cabanagem de outrora e a luta pelos novos Estados de hoje se assemelham no que é central em ambas. São lutas contra a pobreza crônica, contra a discriminação, o descaso histórico e o abandono sistêmico.

A cabanagem foi o clamor mais forte contra esse estado de coisas. Sua força e memória ecoam no grito por liberdade contido na bandeira dos Estados de Tapajós e Carajás.

Aliás, é a memória da Cabanagem que faz as elites belenenses não suportarem a ideia de que alguém queira se libertar de seus tentáculos. Eles não se envergonham de expor as vísceras em público, como o exemplo recente do duelo entre Maiorana e Jáder (olha a grande imprensa aí!), mas não suportam a ideia dos novos Estados. Essas mesmas elites colocam a culpa, até hoje, tanto na cabanagem quanto na adesão à independência, como os principais fatores de desestabilização e ocaso econômico do Pará. Essa idéia-fantasma continua a morar em Belém, sobretudo nas coberturas dos Atalantas da vida.

Ora, o que tem aos cabanos, os tapajônicos e carajaenses a ver com a perda da Zona Franca para Manaus, por exemplo? Que culpa temos nós sobre a enorme descaracterização territorial imposta pela ditadura militar e seus grandes projetos?

Por todos esses anos houve governo no Pará que assistiu a tudo como cúmplice direto ou como omisso contumaz. E no fundo, esta realidade insiste e continua a fazer suas vítimas. É só observar como o governo do Pará lida com a Vale, por exemplo.

Os pactos de elites que forjaram este país foram substancialmente perversos em dois casos: Maranhão e Pará, não por acaso os dois últimos estados a integrarem a idéia de independência brasileira.

A região de Santarém, que deve seu pouco desenvolvimento a uns pares de clérigos em missões europeias de catequização, testemunhou, ao longo desses séculos, as embarcações conhecidas por gaiolas singrando o Tapajós. Dessas incontáveis viagens, não há uma sequer que não tenha a mancha do entreguismo, da dilapidação, da subserviência aos interesses estrangeiros. O caso emblemático e relativamente recente da Fordilândia é suficiente para atestar o que escrevo. Foram 400 anos de uma mesma cantilena. E quem perdeu com isso foram o povo do Pará e todo o País.

Ando por terras paraenses há 18 anos. Não há nome de rua em Belém homenageando minha família, o que não me impede de nutrir grande apreço por nossa capital. Adoro suas alamedas, suas praças, sua noite. Adoro o jeito do povo de Belém, mas, por onde já andei nesses milhões de quilômetros quadrados de Pará, só consegui observar esse “jeito paraense de ser” nos arredores de Belém. Então, eu me pergunto: o que é ser paraense? Vou a Conceição do Araguaia, é outra coisa. Vou a Tucuruí, é outra coisa. Vou a Marabá, é outra coisa. A conclusão a que chego é que há diversos Parás nestas terras. E se há muitos Parás é lógico concluir que não há como se ter apenas um.

A criação do Tapajós e de Carajás é a multiplicação de uma nação, que apenas quer ter o direito de sair de casa, depois de ter chegado à maioridade.

E se todos esses argumentos, que também a mim parecem fracos, não forem suficientes, termino com um infalível: a Globo é contra. Para o nosso bem estar mental, sejamos a favor!

* Por Claudio Feitosa (É carioca da gema, mas adora uma idéia de liberdade.)

Texto: Cláudio Feitosa, Secretário de Cultura de Parauapebas e So

http://blogdovalmutran.blogspot.com/2011/06/carajas-e-tapajos-nossa-cabanagem.html

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Em Ananindeua, quadra junina começa neste dia 23 de Junho

Com 15 anos de tradição começa hoje (23), a partir das 17h, o Forrónindeua 2011. O estacionamento do Ginásio João Paulo II, na Cidade Nova VII, em Ananindeua, foi todo adaptado para receber quadrilhas juninas de vários municípios do Estado. Serão dez dias de festividade que terá, além da entrega de troféus, cerca de R$ 60 mil em prêmios aos vencedores dos concursos intermunicipal, municipal e mirim de quadrilhas e de misses.

Os municípios de Vigia, Salinas, Santa Bárbara, Mosqueiro, Igarapé Miri, Belém, Marituba, Traquateua, Bujarú, Barcarena, Santa Izabel, Mojú, Soure e Curuçá estarão participando da disputa intermunicipal e já confirmaram a presença de suas caravanas. Entre as atrações do Forrónindeua estão grupos folclóricos e parafolclóricos, Boi-Bumbá e Toadas, e shows musicais com as bandas Fogo Fagô, Forró de Elite, Pula Cerca, Jorge Benner, Banda Fritação e Beto e Leno.

Os preparativos para o Forrónindeua 2011 começaram em maio, com a realização do I Workshop de Quadrilhas Juninas. Brincantes, quadrilheiros e convidados participaram do evento que buscou inserir os integrantes de grupos juninos nas discussões sobre as políticas públicas de cultura no município. Na ocasião, o participantes puderam atualizar os conhecimentos sobre coreografia, maquiagem, cabelo e figurino, informações que possibilitarão às quadrilhas juninas a realização de apresentações cada vez mais bonitas e animadas ao público.

No último dia 20, o prefeito Helder Barbalho entregou R$ 30 mil em subvenções, como forma de incentivo aos grupos folclóricos que vão fazer a festa na quadra junina de Ananindeua. Ele aproveitou a ocasião para destacar a atenção da prefeitura ao resgate e manutenção da cultura popular. “Sempre buscamos fomentar as manifestações populares e o resgate cultural da nossa cidade, congregando bairros e municípios”, afirmou o prefeito.

Os grupos juninos também apresentam aos jovens formas positivas de diversão. “Nosso compromisso é fazer do Forrónindeua 2011 um espetáculo de resgate da nossa cultura e uma oportunidade de diversão para as famílias. Acreditamos no fortalecimento e na valorização da cultura, do esporte e do lazer”, destacou a Secretária de Cultura de Ananindeua, Nilse Pinheiro.

Além dos concursos e das atrações musicais, a festa junina de Ananindeua também terá a venda de artesanatos e de comidas e bebidas típicas de São João.

A segurança dos brincantes estará garantida durante os 10 dias de festa. As Policias Militar, Civil e Rodoviária Federal, Guarda Municipal, Delegacia de Polícia Administrativa, Conselho Tutelar, Corpo de Bombeiros, SAMU e as demais secretarias municipais trabalharão em conjunto para que o XV Forrónindeua seja um espetáculo de resgate da cultura popular, proporcionando diversão com segurança para toda a família.

O XV Forrónindeua vai até o dia 03 de julho, sempre a partir das 17h e com entrada gratuita.
No site
www.ananindeua.pa.gov.br está disponível a programação do evento.- Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal de Ananindeua
(91) 3073 2133

Imprensa do Sul e Sul deste do Pará confere a viabilidade do Estado de Carajás - Encontro Pro Carajás - dia 21 de Junho 2011

Jornalistas, Radialistas, Blogueiros, entre outros militantes da imprensa de mais de dez cidades do Sul e Sul deste paraense; se reuniram  nesta ultima terça feira 21 na Câmara de Vereadores em Marabá, para debater a viabilidade de criação do Estado de Carajás. O encontro foi um sucesso, segundo os participantes. O economista Célio Costa apresentou através de uma palestra um estudo durante seis meses a partir de fontes oficiais, que comprova a viabilidade e sustentabilidade do futuro estado de Carajás. O economista fez um demonstrativo do crescimento econômico e social dos Estados: de Mato Grosso, com Mato Grosso do Sul, e dos estados de Goiás com Tocantins; que dobraram a melhoria da qualidade de vida de seu povo após a criação dos novos estados. Ainda segundo o economista todas as informações contrárias, a emancipação da região partem de conclusões  equivocadas. O Estado de Carajás terá cerca de um bilhão de superávit por ano, e poderá ser a décima economia do Brasil, em dez anos. Numa coisa todos concordam vivemos em situação de grande ausência do estado em nossa região.  É hora de fazer um chamamento a todos que moram na região para se colocar em dias com a justiça eleitoral e participar de uma oportunidade impar de transformar ou sonhos em realidade, foi o que disse o Deputado Federal Giovanni Queiroz. Jurisprudência em âmbito federal sinaliza que o plebiscito poderá ser feito só na região de interesse foi o que disse o Presidente da AMAT, Prefeito Luciano Guedes, que aproveitou a oportunidade e faz um chamado a todos que não estão em dias com a justiça eleitoral, principalmente os jovens que completam 16 anos nestes meses de junho e julho. Todos devem ficar preparados para esse grande momento de conquista do povo desta terra. Juarez Queiroz

domingo, 19 de junho de 2011

Carta Aberta a População


FETAGRI, MST, FETRAF.
Somos mais de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, ligado à FETAGRI, MST e FETRAF dos vários municípios das regiões sul e sudeste do nosso Estado. Viemos de acampamentos e assentamentos e há mais de 30 dias estamos acampados em frente ao INCRA de Marabá, exigindo a vinda de autoridades do governo federal e do governo estadual para negociarmos nossa pauta.

Foi graças a nossa luta nas ultimas décadas que temos hoje na região 500 assentamentos onde estão morando e produzindo mais de 70 mil famílias de agricultores familiares. Um número de trabalhadores, quase duas vezes o tamanho da população da cidade de Marabá, espalhados na área rural de nossos municípios. Imaginem se toda essa população tivesse morando na periferia das cidades da região. O problema da pobreza e da violência seria ainda mais grave.

É o trabalho desses camponeses que faz chegar à mesa de grande parte da população das cidades do sul e sudeste, o arroz, o milho, a farinha, o feijão, o leite, o queijo, as hortaliças, o peixe, o cupuaçu, o maracujá, o açaí e muitos outros produtos. Nos latifúndios onde apenas o boi, criado para exportação, pisava e pastava e onde o trabalhador foi sempre explorado e escravizado, hoje temos milhares de famílias, plantações e muita produção. De acordo com o ultimo censo agropecuário do IBGE, a agricultura familiar é responsável pela maioria dos produtos que vão para a mesa dos brasileiros, ou seja, 34% do arroz, 70% do feijão, 46% do milho, 58% do leite, 59% dos suínos e 50% das aves, são produzidos pelos trabalhadores rurais.

Mesmo produzindo a maioria dos alimentos, ocupamos a menor parte das terras. Quase 50% das propriedades rurais no Brasil possuem menos de 10 hectares e ocupam apenas 2,36% das terras agricultáveis, por outro lado, menos de 1% das propriedades rurais no Brasil tem área acima de mil hectares, no entanto, ocupam 44% das terras agricultáveis. É muito terra nas mãos de poucos latifundiários que produzem apenas para exportação.

Queremos continuar no campo e produzir ainda mais, mas, para isso necessitamos de estradas para escoar a produção, de créditos para os projetos produtivos, de assessoria técnica para orientar o processo produtivo, de energia elétrica e do assentamento das famílias que estão nos acampamentos. É POR ESSA RAZÃO QUE ESTAMOS ACAMPADOS!

O governo se nega a atender nossas reivindicações. Há dinheiro para construir hidrelétricas, ferrovias, hidrovias, siderúrgicas, etc mas, dizem que não há recursos para a reforma agrária e a agricultura familiar. É tempo de prepararmos a terra para uma nova safra e não podemos voltar para nossos lotes de mãos vazias. Por isso continuaremos acampados.

Reconhecemos os transtornos causados à população de Marabá em razão das interdições da BR 230 (Transamazônica), mas, infelizmente, foi a alternativa que nos restou para chamar a atenção do poder público. Se duas manhãs de interrupção da pista causou tanta indignação, imaginem vocês, a situação de quem vive isolado ano após ano nos assentamentos rurais.

Nos últimos 10 anos, de acordo com o IBGE 4 milhões de pessoas deixaram o campo e migraram para as cidades. Maioria foi direto para a periferia, vivendo em situações precárias, sem saneamento básico, sem acesso à saúde e educação de qualidade e ainda convivendo com a violência, as drogas e a prostituição. A nossa luta é para que possamos continuar no campo.

Nos dirigimos à sociedade marabaense para pedir seu apoio e compreensão. É preciso unirmos as lutas dos trabalhadores do campo e da cidade. UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA DEPENDE DO ESFORÇO DE TODOS NÓS!

EXIGIMOS: Atendimento imediato de nossa pauta; Prisão e punição para pistoleiros e mandantes dos assassinatos de JOSÉ CLÁUDIO e MARIA e de outros trabalhadores; O fim da criminalização dos movimentos sociais.

Marabá, 17 de junho de 2011.

FETAGRI, MST e FETRAF.