segunda-feira, 4 de junho de 2012

Publicitário Müller D’Oliveira faz avaliação de Imagem e Personalidade na Política.
                   Posso afirmar com absoluta certeza que numa campanha eleitoral o eleitor faz a escolha entre imagens, e não em pessoas. Isso porque o que conhecemos de um político é a sua imagem, e não a sua personalidade total. Apenas a família e os amigos mais próximos conhecem realmente a personalidade de um candidato.
                   Muita gente ao assistir o filme Entreatos (que revela os bastidores da eleição de Lula em 2002) mostrou-se surpresos ao ver Lula fumando, brincando, brigando ou até falando palavras que não diria na TV, ao vivo. Isso é uma demonstração de que apenas tomamos conhecimento de um traço da personalidade do político/candidato.
                   Se o que conhecemos de um candidato é a sua imagem, então nada mais natural do que adequar essa imagem num posicionamento que possa ser mais favorável e vantajoso numa disputa eleitoral. A essa mudança de imagem denominamos “descolamento”, onde um candidato faz algumas alterações na sua personalidade. A mudança pode ser pequena, com algumas correções e adequação de hábitos. Mas também pode ser mais profunda, adotando uma imagem completamente diferente da personalidade real do candidato.
                   Qualquer "descolamento" na imagem de um candidato tornará necessária a representação de um papel. É como se o candidato virasse um ator perante o eleitorado. A imagem desejada equivale a um “script” que o candidato deve representar para o público. E quanto mais a imagem descolar-se da personalidade do candidato, maiores serão as exigências sobre as suas qualidades como ator.
                   É preciso lembrar que a eleição brasileira tem uma carga enorme de emoção, onde a política vira espetáculo. O eleitorado, então, não premia apenas a boa representação, mas sim a autenticidade e a confiabilidade de um político, que como já sabemos, não está apenas na palavra verbalizada, mas nos gestos, postura, semblante e entonação de voz.
                   “Se o papel a representar está próximo da personalidade, é mais fácil representar-lhe bem e infundir-lhe a marca da autenticidade. Se, por outro lado, o papel está muito distante da personalidade, as dificuldades de imprimir autenticidade à representação tornam-se, na maioria dos casos, instransponíveis”.
            Em muitos casos, o descolamento entre a imagem e a personalidade é inevitável, principalmente por conta do cargo em disputa. Lula em 2002 teve que mudar a sua imagem de sindicalista para se adaptar ao cargo em disputa. Ser presidente da República requer atributos, e Lula precisou se adaptar àquele papel. Descolou sua imagem da personalidade, mas manteve a autenticidade no seu discurso e a coerência com seu histórico de líder sindical. Este é um grande exemplo de um descolamento de imagem que deu certo.

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