Vírus da pólio é encontrado
em esgoto de Viracopos, São Paulo diz OMS
Amostra coletada em março é similar à de vírus
recentemente isolada de um caso na Guiné Equatorial
O vírus
da poliomielite, doença erradicada no Brasil há 25 anos, foi encontrado em uma
amostra de esgoto em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, segundo
informe divulgado nesta segunda-feira, 23, pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), agência das Nações Unidas.
Embora o
vírus tenha sido encontrado em solo brasileiro, não foi registrado até o
momento nenhum caso da doença em humanos no País e o risco de transmissão é
muito baixo, de acordo com a entidade.
O vírus
da pólio foi identificado em amostras coletadas no último mês de março no
esgoto do Aeroporto Internacional de Viracopos. Segundo a OMS, ele é similar a
um micro-organismo recentemente isolado de um caso de poliomielite na Guiné
Equatorial, na África Ocidental, um dos países que ainda registram casos da
doença.
O
Ministério da Saúde descartou a possibilidade de disseminação de poliomielite e
classificou o episódio como um “achado eventual”.
O
secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse
que foi o governo brasileiro que notificou a OMS sobre o vírus, encontrado
durante um exame de rotina realizado pela Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo (Cetesb). Ele reforçou que o vírus é semelhante ao encontrado na Guiné
Equatorial e que provavelmente veio de lá.
“A Cetesb
repetiu os mesmos exames em abril e todas as amostras foram negativas, até
mesmo as de Viracopos, o que confirma que se tratou de algo eventual,
provavelmente de um viajante, não sabemos se um passageiro ou tripulante”,
disse o secretário.
A análise
rotineira de amostras de esgoto faz parte da estratégia das autoridades
sanitárias brasileiras para prevenir a disseminação do vírus.
No Estado
de São Paulo, a Cetesb é responsável por esse monitoramento, que é realizado em
dez pontos, entre eles os três principais aeroportos de São Paulo (Viracopos,
Cumbica e Congonhas), os terminais rodoviários do Tietê e da Barra Funda, ambos
na capital paulista, e em um estaleiro do Porto de Santos. As análises são
realizadas desde 1999.
Em seu
informe, a OMS afirmou que “o vírus só foi detectado no esgoto” e, até o
momento, “nenhum caso de paralisia por pólio foi registrado”.
Barbosa
destaca que, além de o caso ter sido eventual, a cobertura por vacina no País
contra a doença é de cerca de 99%. A última campanha nacional de imunização
contra a doença no Brasil foi realizada há um ano, e a cobertura no Estado de
São Paulo superou 95%, segundo a OMS. Para a organização, “a elevada imunidade
parece ter evitado a transmissão”.
Risco. A agência da ONU disse que o
risco de o vírus da poliomielite encontrado no Brasil se espalhar
internacionalmente é “muito baixo”. Na Guiné Equatorial, porém, o risco é
“alto”, de acordo com a entidade.
A
Secretaria Estadual da Saúde informou que foi notificada sobre o achado da
Cetesb, mas que ele não altera em nada a condição de erradicação que a doença
tem no Estado de São Paulo e em todo o País.
Doença. A poliomielite ataca o sistema
nervoso e pode causar paralisia irreversível em questão de horas. Não há cura
para a doença, que pode ser evitada com vacinação.
A pólio é
considerada erradicada do Brasil desde 1989 e o continente americano foi
declarado livre da doença em 1991, de acordo com a OMS, que mantém uma campanha
mundial para erradicar a ocorrência de novos casos.
Embora
tenha sido eliminada em muitos países, a poliomielite foi tema de uma
Declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional no mês
passado.
Na
ocasião, a entidade colocou em alerta dez países com risco potencial de
exportação do vírus: Afeganistão, Camarões, Etiópia, Guiné Equatorial, Iraque,
Israel, Nigéria, Paquistão, Síria e Somália.
Segundo a
OMS, até o dia 11 de junho, foram registrados 94 casos de pólio no mundo. / FABIANA
CAMBRICOLI COM REUTERS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.