Entre o rancor e a convicção, Marina opta pelo 'caminho
mais fácil'
Matheus Pichonelli:
Como
esperado, Marina Silva, candidata derrotada do PSB à Presidência, decidiu
formalizar o seu apoio ao tucano Aécio Neves. O alinhamento acontece quatro
meses após dizer que não subiria de jeito nenhum no palanque do PSDB. O
partido, diria ela pouco depois, tinha cheiro de derrota no segundo turno.
As
reviravoltas dessa eleição já deram sinais de que esta não é uma eleição qualquer.
Marina foi alvejada pelo estafe da presidenta Dilma Rousseff ao longo da
campanha. Saiu da eleição magoada com a ex-colega de ministério e com o
ex-padrinho, o ex-presidente Lula. Seu prêmio de consolação é ajudar a derrotar
o grupo no poder, do qual fez parte entre 2002 e 2008. Pois o inimigo, agora, é
outro.
Antes
de formalizar o apoio, ela tentou obter do candidato tucano uma carta de
compromissos, todos genéricos, com a exceção de um: a retirada do projeto de
redução da maioridade penal. Conseguiu os genéricos, mas não o específico. Nada
que a impedisse de engolir o que declarava até pouco tempo atrás. Entre outros
pontos, que era preciso “parar com essa história de querer diluir as
diferenças” entre Aécio e Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo no meio da
campanha. ”Quando alguém fica muito ansioso pra dizer que é igual, é
porque sabe que é diferente”, dizia, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Segundo
ela, Campos protagonizava “uma agenda progressista de respeito aos direitos
sociais, de não ir pelo caminho mais fácil de reduzir a maioridade penal e as
conquistas sociais”.
Essas
diferenças, pelo jeito, já não fazem a menor diferença. É certo que, usar sua
propaganda eleitoral para desconstruir sua ex-aliada, o PT sabia que ruía ali
qualquer possibilidade de diálogo neste segundo turno.
O erro estratégico é mais um para a conta de uma campanha entre
agressiva e desastrosa protagonizada pelo marqueteiro João Santana. Mas Marina,
ao se aliar com o candidato do “caminho mais fácil”, segundo suas próprias
palavras, mostra que a política, como tudo na vida, é movida pelos rancores, e
não pelas convicções. Por isso é tão fácil mudar de lado. Terceira via? Esta é
só pra quem não sabe de nada, inocente. https://br.noticias.yahoo.com/blogs/matheus-pichonelli/
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