segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Camarão: iguaria ou problema de saúde pública?
divulgação net
Considerado uma das principais iguarias nas praias e balneários do estado do Pará, o camarão é uma das espécies de crustáceos mais consumidos pela população local. Seja em forma de pastéis, coxinhas ou tortas, o camarão definitivamente é sucesso de venda nas feiras e mercados da cidade. Mas como o camarão que você come é manipulado? Você sabe? E quais as conseqüências à saúde do consumo do produto de origem duvidosa?
Motivados por esses questionamentos, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Saúde e Produção Animal – Ispa, da Universidade Federal Rural da Amazônia – Ufra, coordenados pelos professores Fernando Elias Silva e Carissa Goltara Bichara, desenvolveram pesquisas para avaliar as condições higiênicas de processamento e comercialização do camarão salgado e seco, produzido e comercializado na região metropolitana de Belém.
A sua captura e os métodos de beneficiamento que ainda são realizados rusticamente visam agregação de valor no mercado e o aumento da vida útil do produto. Por se deteriorarem facilmente, os camarões devem ser consumidos logo após a captura ou ser submetidos a um método de conservação higiênica.
De acordo com o estudo dos professores, o processamento dos camarões é realizado como forma de conservação para aumentar a sua validade comercial. Contudo, quando essas etapas são realizadas em condições precárias de higiene e de comercialização, aumentam os riscos de contaminação por bactérias, algumas até patogênicas.
CONTAMINAÇÃO
A presença desses micro-organismos podem ser indicadores de higiene insuficiente em alguma etapa do processo, matéria-prima excessivamente contaminada, precárias condições de limpeza e desinfecção de superfícies ou tempo e temperatura inadequados durante a produção e conservação.
Para realizar a pesquisa, foram coletadas 12 amostras de camarão, durante os meses de fevereiro e março deste ano, e foram também avaliadas as condições higiênicas dos locais de produção e verificado se as pessoas responsáveis por essa produção possuíam noções mínimas de higiene.
Os professores observaram que o processamento do camarão regional é realizado da seguinte forma: logo após a captura, os pescadores armazenam os camarões em viveiros flutuantes. Em seguida, é realizado o cozimento em água e sal, apenas.
Depois, os camarões são colocados em “paneiros” para que ocorra o resfriamento e escorrimento da água de cozimento por 24 horas. Só então o produto é comercializado. O camarão não é seco ao sol, como muitos anunciam durante as vendas.
Os resultados das pesquisas indicaram que 75% das amostras analisadas encontravam-se impróprias para o consumo, devido à grande quantidade de micro-organismos encontrados, sugerindo condições de produção inadequadas e deficiências nas condições higiênico-sanitárias das instalações de beneficiamento e pontos de venda do camarão, o que representa sérios riscos à saúde da população que consome o produto. Os produtores não possuíam conhecimentos mínimos de higiene pessoal para preparar o camarão salgado e seco.
“Mais estudos merecem ser incentivados e realizados, em função da carência de dados que forneçam subsídios para um diagnóstico mais amplo e consistente da real situação das condições de produção do camarão regional comercializado na área metropolitana de Belém”, enfatiza o prof. Fernando Elias Silva, que espera um trabalho de parceria com a vigilância sanitária municipal para ajudar a fazer a manutenção adequada nos pontos de produção e comercialização do crustáceo. (Diário do Pará)

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