Deputado Puty denuncia retrocesso no
combate ao trabalho escravo
Deputado federal Cláudio Puty (PT-PA) subiu à tribuna da Câmara, nesta
quarta-feira (23), para denunciar o retrocesso que o relatório parcial da
Comissão Mista de Consolidação de Leis, aprovado na última quinta-feira,
provoca ao combate do Trabalho Escravo no Brasil.
“O “ajuste” se traduz em empobrecimento e fragilização do conceito de
trabalho escravo, já tão bem definido pelo artigo 149 do Código Penal
brasileiro. Pois, descaracteriza a jornada exaustiva e a condição degradante
como forma de trabalho escravo”, explica Puty, que presidiu a CPI do Trabalho
Escravo.
A legislação brasileira sobre o tema é reconhecida pela ONU e a OIT como
inovadora e referência para todo o mundo. O último relatório britânico de The Global Slavery Index o definiu como:
“Enquanto trabalho forçado e restrições de deslocamento são elementos
típicos nas definições internacionais, a definição brasileira é importante por
reconhecer realisticamente o papel que jornadas exaustivas e condições
degradantes, que são uma negação dos patamares mínimos de dignidade, têm em
reduzir um individuo psicológica e fisicamente a um ponto em que ele não pode
exercer suas liberdades”, diz o documento.
A alteração da conceituação legal já estabelecida foi negociada para que
a PEC do Trabalho Escravo fosse aprovada em segundo turno, na próxima semana,
no Senado.
“O absurdo é tal que o ‘ajuste’ ainda vai contra ao próprio espírito da
PEC, que busca mais rigidez ao combate desta praga histórica no país, por meio
da expropriação de propriedade daqueles que forem condenados pela exploração de
mão de obra escrava, direcionando esta propriedade para reforma agrária ou uso
social”, afirma Puty. “Apesar da longa espera, nestas condições seria
preferível não aprovar a PEC neste momento”.
Outro ponto é a insegurança jurídica dos casos que estão sendo julgados.
“Este texto de consolidação é a Lei Áurea dos Escravagistas”, definiu
Puty.
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