SENADO - Biodiversidade e combate à
desertificação foram destaques na Comissão de Meio Ambiente
Vinte projetos de
lei foram aprovados pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e
Fiscalização e Controle (CMA) no primeiro semestre, com destaque para a votação
do novo marco legal da biodiversidade (PLC 2/2015) e do projeto que cria a Política
Nacional de Combate à Desertificação (PLS 70/2007).
O primeiro foi votado em regime de urgência e motivou discussões
acaloradas. A flexibilização do uso de recursos da biodiversidade era defendida
por institutos de pesquisa, universidades, indústrias e pelo agronegócio, mas
os detentores do conhecimento tradicional sobre animais e plantas nativas —
povos indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares — temiam
quebra de direitos e riscos à proteção dos recursos naturais.
A Comissão de Meio Ambiente, presidida pelo senador Otto Alencar
(PSD-BA), promoveu três audiências públicas para ouvir os argumentos de todos
os envolvidos e aprovou o relatório do senador Jorge Viana (PT-AC), com emendas
que buscaram superar pontos polêmicos.
— Estamos diante de uma grande oportunidade para aperfeiçoarmos
este projeto de lei e, assim, darmos uma relevante contribuição ao país —
frisou Jorge Viana, ao celebrar a aprovação do texto na CMA.
Enviada a Plenário, a matéria foi aprovada com a maioria das
sugestões da CMA. Como se tratava de texto original da Câmara, voltou para
reexame pelos deputados, que acataram parcialmente as sugestões do Senado. O
projeto foi então sancionado em 20 de maio pela Presidência da República, com
seis vetos.
A principal mudança promovida pelo novo marco legal é a
simplificação de acesso aos recursos da biodiversidade paraPESQUISAS,
a partir de cadastro junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia. As regras
anteriores classificavam como biopirataria e colocavam na ilegalidade pesquisas
feitas sem autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.
Combate à desertificação
Também passou na CMA e depois no Plenário a proposta que cria a
Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca,
que visa promover ações preventivas na região semiárida, susceptível à
desertificação, para evitar práticas que resultem na degradação da terra. A
matéria foi enviada para sanção no início de julho.
O texto aprovado é um substitutivo da Câmara dos Deputados ao
PLS 70/2007, do ex-senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que estabelece princípios
e objetivos da política e autoriza o Executivo a criar a Comissão Nacional de
Combate à Desertificação (CNCD). Essa instância será responsável por
implementar ações e articular as iniciativas de órgãos federais, estaduais e
municipais.
Conforme o relator na CMA, Otto Alencar, as áreas susceptíveis à
desertificação no Brasil somam cerca de um milhão de quilômetros quadrados, em
oito estados do Nordeste e em municípios do norte de Minas Gerais. Nessa região
semiárida, diz ele, vivem cerca de 23 milhões de habitantes, em mais de mil
municípios.
— É a maior população do mundo concentrada em uma região
semiárida. É também uma região com extrema pobreza, em que mais de 50% da
população dependem de programas sociais governamentais e da sociedade civil —
completou o presidente da CMA.
Conforme frisou, as secas são fenômenos recorrentes, específicos
da região semiárida, sendo necessária a adoção de um conjunto de ações
permanentes para seu enfrentamento.
São Francisco
A comissão aprovou ainda projeto de Otto Alencar (PLS 202/2015) que isenta do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural (ITR) o imóvel rural localizado às margens do Rio
São Francisco e de seus afluentes que preservar mata ciliar conforme previsto
no Código Florestal (Lei 12.651/ 2012).
O parlamentar tem reafirmado a necessidade de revitalização da
bacia do São Francisco, como pré-requisito para a transposição das águas do
rio. Com a desoneração prevista no projeto, ele quer incentivar a recuperação
da vegetação, necessária à revitalização do rio. O projeto seguiu para exame
pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Defesa do consumidor
Também foram aprovados nove projetos que reforçam normas legais
de proteção aos direitos dos consumidores, como o PLS 101/2015, do senador Reguffe (PDT-DF), que
modifica o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) para prever indenização
obrigatória a passageiros pelas companhias aéreas por atrasos nos voos. A
matéria foi acolhida com voto favorável do relator, senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), e foi enviada à CCJ.
Também foi aprovado substitutivo de Alvaro Dias (PSDB-PR) aos PLS 493/2013 e PLS 360/2012, de Eduardo Amorim (PSC-SE) e do
ex-senador Vital do Rêgo, respectivamente, que estende a classificação
indicativa hoje obrigatória para filmes para todo conteúdo na forma de imagens,
seja para venda, aluguel ou distribuição gratuita.
A proposta visa garantir que também as novas mídias informem a
natureza da obra e a faixa etária a que se destina. O substitutivo seguiu para
exame pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
Controle de recursos públicos
Para ampliar os mecanismos de controle do uso de recursos
repassados pela administração pública federal a estados e municípios, a CMA
aprovou o PLS 226/2013, que ainda será submetido a
votação em turno suplementar.
Pelo projeto, os recursos dos convênios, acordos ou qualquer
outro tipo de instrumento firmado pelo governo federal com os demais entes só
poderão ser movimentados por meio de contas bancárias específicas e os
pagamentos por meio eletrônico que identifique a finalidade do pagamento e a
titularidade da pessoa física ou jurídica beneficiária.
O texto é um substitutivo do senador Ivo Cassol (PP-RO) ao
projeto apresentado por Lobão Filho (PMDB-MA), suplente do senador Edison Lobão
(PMDB-MA).
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da
Agência Senado)
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