Procuradores da Lava Jato em Curitiba
criticam fim da força-tarefa: “Retrocesso” http://www.revistaforum.com.br/2017
Em nota,
procuradores disseram que a dissolução do grupo de trabalho exclusivo para a
Lava Jato, anunciada hoje pela PF, dificultará as investigações e ainda
destacaram que o efetivo da PF na operação foi reduzido drasticamente no
governo Temer, cujo o alto escalão é investigado
Por Redação
Procuradores do Ministério
Público Federal que atuam em Curitiba no âmbito da operação Lava Jato
divulgaram uma nota, no início da noite desta quinta-feira (6), repudiando a decisão da
Polícia Federal de por fim à força-tarefa exclusiva da operação na capital
paranaense.
Agora, os delegados que atuavam na Lava Jato em
Curitiba serão lotados na Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes
Financeiros (Delecor), que é o que acontece com qualquer investigação de
corrupção comum. Somente em Curitiba havia um grupo de trabalho dedicado
exclusivamente à Lava Jato.
Para os procuradores, a dissolução do grupo de
trabalho vai atrapalhar as investigações.
“A anunciada integração, na Polícia Federal, do
Grupo de Trabalho da Lava Jato à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de
Verbas Públicas, após a redução do número de delegados a menos de metade, prejudica
as investigações da Lava Jato e dificulta que prossigam com a eficiência com
que se desenvolveram até recentemente”, diz trecho da nota, que ainda resgata
números de valores recuperados com as investigações de corrupção.
No texto, os procuradores de Curitiba criticam
ainda o governo Temer por ter reduzido “drasticamente” o efetivo da PF na
operação e chamam atenção para o fato de que o primeiro escalão deste governo é
alvo das investigações.
“A operação Lava Jato investiga corrupção
bilionária praticada por centenas de pessoas, incluindo ocupantes atuais e
pretéritos de altos postos do Governo Federal (…) O efetivo da
Polícia Federal na Lava Jato, reduzido drasticamente no governo atual, não é
adequado à demanda”, dizem.
Confira a íntegra.
Nota da Força Tarefa da Lava Jato
Dissolução do Grupo de Trabalho da Lava Jato na
Polícia Federal prejudica as investigações
Os procuradores da república da força-tarefa da
Lava Jato em Curitiba vêm manifestar sua discordância em relação à dissolução
do Grupo da Lava Jato no âmbito Polícia Federal.
1. A operação Lava Jato investiga corrupção
bilionária praticada por centenas de pessoas, incluindo ocupantes atuais e
pretéritos de altos postos do Governo Federal. Foram realizadas 844 buscas e
apreensões em 41 fases que ensejaram a apreensão de um imenso volume de
materiais – apenas na primeira fase, foram mais de 80 mil documentos. São
rastreadas hoje mais de 21 milhões de transações que envolvem mais de R$ 1,3
trilhão. Já foram acusadas por crimes graves como corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa mais de 280 pessoas, e centenas de outras
permanecem sob investigação. Embora já tenham sido recuperados, de modo
inédito, mais de R$ 10 bilhões, há um potencial de recuperação de muitos outros
bilhões, se os esforços de investigação prosseguirem.
2. A anunciada integração, na Polícia Federal, do
Grupo de Trabalho da Lava Jato à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de
Verbas Públicas, após a redução do número de delegados a menos de metade,
prejudica as investigações da Lava Jato e dificulta que prossigam com a
eficiência com que se desenvolveram até recentemente.
3. O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato,
reduzido drasticamente no governo atual, não é adequado à demanda. Hoje, o
número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de
investigadores disponível. Há uma grande lista de materiais pendentes de
análise e os delegados de polícia do caso não têm tido condições de desenvolver
novas linhas de investigação por serem absorvidos por demandas ordinárias do
trabalho acumulado.
4. A redução e dissolução do Grupo de Trabalho da
Polícia Federal não contribui para priorizar ainda mais as investigações ou
facilitar o intercâmbio de informações. Pelo contrário, a distribuição das
investigações para um número maior de delegados e a ausência de exclusividade
na Lava Jato prejudicam a especialização do conhecimento e da atividade, o
desenvolvimento de uma visão do todo, a descoberta de interconexões entre as
centenas de investigados e os resultados.
5. A necessidade evidente de serviço, decorrente
inclusive do acordo feito com a Odebrecht, determinou que a equipe do
Ministério Público Federal na Lava Jato em Curitiba tenha aumentado, o que
ocorreu em paralelo ao aumento das equipes da Lava Jato no Rio de Janeiro, São
Paulo e Brasília, no mesmo período em que a Polícia Federal reduziu a equipe e
dissolveu o Grupo de Trabalho da Lava Jato em Curitiba.
6. A Polícia Federal, assim como a Receita Federal,
são parceiras indispensáveis nos trabalhos da Lava Jato. Reconhece-se ainda a
dedicação do superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, e do
Delegado de Polícia Federal Igor de Paula, às investigações. Contudo, a medida
tornada pública hoje é um evidente retrocesso. Por isso, o Ministério Público
Federal espera que a decisão possa ser revista, com a consequente reversão da
diminuição de quadros e da dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal
na Lava Jato, a fim de que possam prosseguir regularmente e com eficiência as
investigações contra centenas de pessoas e de que os bilhões desviados possam
continuar a ser recuperados.
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