Renato Gomes Suares |
O PARTO DE UM POEMA
Poemas são como crianças:
se passam da hora de nascer
morrem ou ficam com seqüelas;
A inspiração do poeta também
é coisa momentânea, instantânea,
que se esvai como a fumaça,
depois some, desaparece, passa.
Se um poema passa da hora
de nascer, ele deixa de ser:
deixa de ser um motivo-vivo,
torna-se um poema-abortivo.
Ainda que viva, não será plenamente,
pois o parto de um poema
tem que ser ligeiro, inconseqüente.
Parir poesia é como parir gente.
São dores que a gente sente
para logo depois ter alegria
de ter parido um poema,
um poema vivo, poesia.
Poemas são como crianças.
Dão prazer a quem os gerou
e chamam de mãe a quem os gera.
Depois eles se vão...
voam como pombas
muito além da atmosfera...
... e outra vez o poeta espera.
Espera, espera e espera...
De Renato Gomes Suares
Que em breve publicará seu novo livro:CONVERSANDO COM O ARAGUAIA, uma coletânia de poemas.
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