quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Crescimento Deseconômico e Teoria do Umbral, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira
Publicado em outubro 17, 2012 por HC
A economia só faz sentido se for usada para servir
A economia só faz sentido se for usada para servir as pessoas. O objetivo central da política macroeconômica em países que já atingiram elevado patamar de prosperidade e bem-estar não pode ser explicitamente o crescimento econômico. A economia precisa respeitar os limites físicos impostos pela natureza e reconhecer que se trata apenas de um subsistema da bioesfera finita que lhe dá suporte. A abundância material, fruto da expansão produtiva sem limites, não é promotora de bem-estar, posto que um aumento na oferta de bens e serviços agride a biodiversidade, colocando o próprio bem-estar na berlinda. Impor limites ao crescimento não significa travar a atividade produtiva. A energia física e os serviços energéticos desempenham papéis preponderantes na produtividade e no crescimento da economia. É absolutamente imprescindível colocar a vida econômica a serviço do desenvolvimento social, proporcionando, com isso, duplo alcance: aumento das oportunidades e das liberdades. Urge promover a conciliação entre a economia e o meio ambiente e extirpar o pensamento econômico tradicional que recomenda o crescimento econômico a qualquer custo. Os agentes econômicos não são os donos da Terra, mas sim seus hóspedes. Não podemos mais fingir que vivemos em um ecossistema ilimitado. O crescimento econômico permanente é impossível de ser alcançado e é perfeitamente possível alcançar prosperidade sem crescimento (prosperity without growth).
O eixo central da economia não pode ser o mercado e, o objeto, a mercadoria, mas, sim, o indivíduo e suas necessidades elementares convivendo pacificamente com a natureza e enaltecendo que a vida social depende de um conjunto de serviços ecossistêmicos. O ritmo econômico atual baseado na exploração desenfreada de recursos naturais e no superconsumo é insustentável e contraproducente. A práxis econômica deve ser buscada no sentido de ser solidária, participativa e coletiva, trocando o atual modelo econômico baseado na competição-disputa pelo modelo de cooperação-partilha. O objetivo primordial da atividade econômica em países atrasados socialmente não deve ser a produção de riqueza, mas, antes, proporcionar bem-estar às pessoas a partir da eliminação dos focos geradores de pobreza e miséria. A transição para uma economia de baixo carbono com preservação e valorização da biodiversidade é a nossa única saída.

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