Produção, utilização, descarte e
reciclagem do PET no Brasil, Artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] O politereftalato de etileno ou PET é o resultado da reação entre o ácido tereftálico (ácido 1,4-benzoldicarboxílico, C6H4(COOH)2, para-dicarboxil-benzeno) e o etileno glicol (etano 1, 2-diol, HOCH2CH2OH) que formam um polímero termoplástico, ou seja, que pode ser reprocessado diversas vezes através do mesmo ou outros processos. Foi desenvolvido em 1941 pelos ingleses Whinfield e Dickson e seu principal uso é em embalagens e fibras para tecelagem. A popularização dos produtos embalados em PET, principalmente bebidas, aconteceu a partir dos anos 70 do Século XX e as primeiras ações de reciclagem aconteceram no EUA e Canadá na década seguinte.
No Brasil, o uso do PET iniciou
em 1988 em substituição às garrafas, litros, garrafões e outras embalagens de
vidro que eram utilizadas pelas indústrias de bebidas e alimentos. As vantagens
imediatas para estas indústrias foram a substituição das embalagens retornáveis
e que necessitavam de sistemas de logística reversa por outras descartáveis,
sem retorno, mais baratas, versáteis e sem necessidade de manutenção e
reposição das perdas. Para os consumidores, a praticidade do descarte imediato
após o consumo, sem necessidade de guardar e devolver na próxima compra.
A produção brasileira de PET em
2012 foi de 562 mil toneladas, sendo 59% – 331 mil toneladas recicladas. Esta é
uma média superior aos EUA e semelhante aos países europeus, onde a reciclagem
é mais profissionalizada. O principal consumidor do PET reciclado no Brasil é a
indústria têxtil com 38,2%, as indústrias de resinas insaturadas e alquídicas
com 23,9% e embalagens com 18,3%. Na indústria têxtil, o PET é utilizado na
fabricação de roupas, travesseiros, mantas, edredons, bichos de pelúcia,
carpetes, tapetes e materiais esportivos. Das resinas são produzidas vassouras,
cordas de varal, caixas d’água, piscinas, torneiras, tubos e conexões, pias,
bancadas e fitas adesivas. A indústria automobilística também utiliza estas
resinas na fabricação de revestimentos, pára-choques, elementos aerodinâmicos,
bancos em transportes coletivos, carenagens, além da sinalização viária de
rodovias e ferrovias como placas, luminosos e indicadores de direção. Os
telefones celulares e outros produtos eletrônicos também possuem PET reciclado
em suas estruturas.
Em relação às embalagens, é
esperado para os próximos anos um aumento significativo na utilização do PET
reciclado nas embalagens de alimentos, bebidas e produtos de limpeza. Este
segmento ainda está em expansão porque a Anvisa – Agência Nacional de
Vigilância Sanitária autorizou a sua utilização em marco/2008 como consequência
de novas tecnologias – Super Clean e Bottle to Bottle – capazes de
descontaminar o PET pós consumo reciclado – PET-PCR, independente de seu uso
anterior e dos sistemas de coleta utilizados. As indústrias e seus produtos
embalados neste material também devem cumprir vários requisitos como estarem
registrados e autorizados pela Anvisa, comprovar o controle dos processos e da
qualidade, permitir a rastreabilidade e incluir a expressão PET-PCR nas
embalagens. Esta autorização da Anvisa está de acordo com a regulamentação
técnica do Mercosul sobre o PET-PCR.
É fundamental diferenciar a
reciclagem do PET e a transformação em matéria prima para as diversas
indústrias, da reutilização para outros fins como a confecção de brinquedos,
vasos para plantas, móveis, bijuterias, decorações e outros produtos
confeccionados com sobras ou partes de embalagens. O procedimento adequado para
os resíduos de PET é a sua destinação para a reciclagem, somente desta forma é
possível diminuir a pressão sobre os recursos naturais, no caso o petróleo do
qual o PET é originário e evitar seu acúmulo em locais inadequados. Além disso,
esta substância tem um ciclo de vida de mais de 100 anos e por este motivo os
produtos artesanais não são aconselháveis como forma de reutilização, voltando
rapidamente ao meio ambiente, muitas vezes fragmentados e/ou misturados com
outras substâncias, dificultando uma destinação adequada.
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