terça-feira, 15 de março de 2011

Cultura:


O cinema americano dos anos 30
Belém Pará
Luzes da Cidade

 O crack da bolsa de Nova York em 1929, reconfigurou o panorama econômico internacional. Em meio ao desemprego e à crescente organização do crime, a América recebia diariamente carregamentos massivos de pobres imigrantes europeus que se aglutinavam na periferia das grandes metrópoles. O país afundava na Grande Depressão. Em meio à crise geral, contudo, a indústria cinematográfica hollywoodiana prosperava absurdamente através do controle dos grandes estúdios sobre toda a cadeia produtiva cinematográfica (inclusive a famigerada distribuição internacional) e graças à ampla recepção popular da linguagem audiovisual clássica, a qual eram mestres e criadores, que mesclava decupagem transparente, espetáculo visual, moral cristã e o recém-nascido som.
Os resultados deste movimento são sentidos até hoje com o predomínio opressivo do cinema hollywoodiano sobre todas as outras cinematografias do mundo.
Nos anos 30, porém, enquanto o projeto de domesticação não se fazia regra, diversos artistas gozavam de algo impensável em anos posteriores e anteriores: liberdade.
Nesta época surgiu o "ciclo de gângsteres" da Warner e Chaplin filmou "O Grande Ditador". O cinema era radical, violento, erótico e subversivo. E não se tratavam de filmes marginais. Eram grandes produções com distribuição mundial. Na aurora da indústria, carteiras e cabeças se abriam ao mesmo tempo para a viabilização da nova arte.
Luzes da Cidade

Antes da Segunda Guerra e do Macartismo enrigecerem o cinema americano, havia espaço e condição para as mais díspares e ousadas propostas: do filme mudo tardio ("Luzes da Cidade" de Charles Chaplin) ao teatro filmado ("No Turbilhão da Metrópole" de King Vidor), do policial realista ("Inimigo Público n° 1" de William Wellman) ao melodrama político ("Loucura Americana" de Frank Capra). Havia espaço até para a revolução do gênero mais antigo do cinema, perpetrada por John Ford em seu imortal "No Tempo das Diligências",
Nos anos 30 arte e indústria tiveram o seu primeiro grande romance, com lucros para ambas as partes. No mês de março o Cine CCBEU promove um encontro com este universo lírico que tal qual o teatro grego e a pintura renascentista é um dos maiores patrimônios que a Humanidade legou para as gerações posteriores.

Miguel Haoni
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - 2011)

Cine CCBEU apresenta: "Luzes da Cidade" de Charles Chaplin
Charles Chaplin se viu afrontado pela chegada do som em 1927. Para garantir a sobrevivência de seu alter-ego Carlitos, personagem decididamente mudo, Chaplin não podia realizar um filme silencioso.Em 2 anos se dedicou à realizar O filme silencioso.
Em 1931 "Luzes da Cidade" chegou aos cinemas como uma peça de resistência contra a irracional modernização dos tempos. O romance entre o vagabundo e a florista cega transcorre no cenário da Grande Cidade, plena em sua decadência e injustiça. Cada cena no filme é concebida com precisão técnica incomum e  com a liberdade poética de um multi-artista no auge de sua louca criatividade.
Chaplin é um coração gigante. Seu filme é de Amor, mas de um Amor maiúsculo: Amor por Carlitos, pelo cinema, pela platéia e pela tão vezes maltratada vida.

Miguel Haoni
(APJCC - 2011)

Realização: APJCC e CCBEU

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