POLITICA
Moro condena João Santana a 8 anos e 4 meses de prisão http://politica.estadao.com.br/
Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus
Coutinho
Marqueteiro do PT, que negocia delação com a Lava
Jato, foi sentenciado por lavagem de dinheiro de propina recebido de lobista da
Keppel Fels, em contratos de plataformas da Petrobrás, por indicação de
ex-tesoureiro João Vaccari
O juiz
federal Sérgio Moro condenou nesta quinta-feira, 2, o marqueteiro do PT João
Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, pelos crimes de lavagem de dinheiro
no esquema de corrupção na Petrobrás alvo da Operação Lava Jato.
“Condeno
João Cerqueira de Santana Filho por nove crimes de lavagem de dinheiro do art.
1º, caput, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento de produto de crime de
corrupção, mediante condutas de ocultação e dissimulação que lhe conferiram
aparência lícita”, escreve Moro, em sua primeira sentença de 2017. O juiz da
Lava Jato voltou ao trabalho nesta quarta-feira, 1.
Documento
“Entre os
nove crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva. Considerando a
quantidade de crimes, elevo a pena do crime em 2/3, chegando ela a oito anos e
quatro meses de reclusão e cento e oitenta dias multa”, estipulou Moro, ao
calcular a dosimetria da pena.
A
força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, havia denunciado Santana e a mulher
também por corrupção passiva, mas o juiz Sérgio Moro absolveu o casal desse
crime – apesar de ele pesar na sentença que a origem do dinheiro ocultado era
produto de corrupção da Petrobrás.
“Condeno
Mônica Regina Cunha Moura por nove crimes de lavagem de dinheiro do art. 1º,
caput, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento de produto de crime de
corrupção, mediante condutas de ocultação e dissimulação que lhe conferiram
aparência lícita.”
Foram
condenados ainda o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz,
o ex-executivo da empresa e ex-gerente da Petrobrás Eduardo Musa e o lobista
Zwi Skornicki. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também estão entre os
condenados.
Segundo a
denúncia da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, os envolvidos acertaram
propinas do Grupo Keppel Fels em contratos de plataformas e navios-sondas da
Petrobrás.
Um deles
de 2004, para construção da Plataforma P-51 (contrato de USD
826.610.089,53, com aditivos de USD 219.602.926,83). Valor da propina: USD
8.266.100,89. Outro de 2003, para serviços de construção do casco Topsides
e integração da Plataforma P-52 (valor do contrato USD 850.013.298,39, com
aditivos de USD 253.781.523,87). Propina de USD 8.500.132,98. Outro de 2007,
para construção da Plataforma P-56 (USD 1.231.525.084,55, com aditivos de USD
55.667.146,55). Propina paga de USD 12.315.250,84. E um contrato de 2009,
para adequação do casco do navio MT Roncador para Plataforma P-58 (valor
USD 133.713.752,22, com aditivos de USD 24.425.752,22), com propinas de USD
1.337.137,52.
O Consórcio
FSTP era composto pelas empresas Keppel Fels, Setal Óleo e Gás e Technip.
“Do montante
de 1% de propina calculado sobre o valor dos contratos, metade foi destinada
aos agentes da Petrobrás, notadamente ao Diretor de Engenharia e Serviços da
Petrobrás, o Renato de Souza Duque, e ao gerente do Setor de Engenharia e
Serviços da Petrobrás, o Pedro José Barusco Filho”, escreve o juiz, ao resumir
a acusação.
Os agentes
públicos seria indicação do PT no esquema de corrupção na Petrobrás, que
desviava de 1% a 3% em contratos para agentes e políticos dos partidos da base
dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – em especial, PT, PMDB
e PP.
“A outra
metade (da propina da Keppel Fels)) seria destinada ao Partido dos
Trabalhadores, responsável pela sustentação política de Renato de Souza Duque
no cargo. O acusado João Vaccari Neto era o responsável pela arrecadação desses
valores e destinou parte deles para pagamentos de serviços publicitários
destinados ao Partido dos Trabalhadores e prestados pelos acusados Mônica
Regina Cunha Moura e João Cerqueira de Santana Filho.”
Santana foi
preso em fevereiro de 2016, alvo da Operação Acarajé. O casal de marqueteiros
do PT foi solto em agosto, depois de iniciar tentativa de delação premiada e
pagar fiança de R$ 2,7 milhões. Responsáveis pelas campanhas presidenciais
de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), os dois ainda negociam com a força-tarefa
um acordo.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOÃO
SANTANA
O
criminalista Fábio Tofic, defensor do publicitário João Santana, afirmou que
vai recorrer no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, mas que a
sentença foi um vitoria parcial.
“Foi uma
parcial vitória porque corrige uma das injustiças que era a acusação por
corrupção, isso nos deixou muito feliz, mas ao mesmo tempo mantém outra
injustiça que essa condenação por crimes financeiros de lavagem de dinheiro. A
gente acredita que, em fase de recurso, essa condenação deve cair”, afirmou
Tofic.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ
FLÁVIO BORGES D’URSO, DEFENSOR DE JOÃO VACCARI NETO
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de João Vaccari Neto, declarou que vai apelar da nova condenação imposta ao ex-tesoureiro do PT porque a considera ‘injusta’.
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de João Vaccari Neto, declarou que vai apelar da nova condenação imposta ao ex-tesoureiro do PT porque a considera ‘injusta’.
Em nota
pública, D’Urso afirma que a condenação tem base ‘exclusivamente, em palavra de
delator, sem que houvesse qualquer prova a confirmá-la’.
LEIA A NOTA
PÚBLICA DA DEFESA DE VACCARI
“A defesa do
sr. João Vaccari Neto vem a público manifestar-se sobre a recente condenação,
proferida no Processo n. 5013405-59.2016.4.04.7000/PR, que tramita perante a
13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, esclarecendo que irá apelar dessa
condenação, pois considerando-a injusta, aponta que a mesma foi prolatada com
base, exclusivamente, em palavra de delator, sem que houvesse qualquer prova a
confirmá-la.
Considerando
que palavra de delator não é prova no sistema legal brasileiro, e que inexiste
no processo prova a confirmá-la, tal condenação não poderá subsistir, devendo
ser reformada em grau de recurso.”
São Paulo, 2
de fevereiro de 2017
Prof. Dr. Luiz Flávio Borges D’Urso
D’Urso e Borges Advogados Associados
Prof. Dr. Luiz Flávio Borges D’Urso
D’Urso e Borges Advogados Associados
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