Bida é condenado a
30 anos de prisão
Sentença
foi anunciada depois de 15 horas de julgamento
Depois de 15 horas de julgamento,
pouco antes da meia noite de quinta-feira, 19, o juiz Raimundo Moisés Alves
Flexa, presidente do 2º Tribunal do Júri de Belém, proferiu a sentença
condenatória de Vitalmiro Bastos Moura, conhecido por Bida, 43 anos, fazendeiro
acusado de ter encomendado a morte da missionária Dorothy Mae Stang, 73 anos. A
pena de 30 anos, por crime duplamente qualificado, será cumprida em regime
inicial fechado. O juiz considerou que o fazendeiro articulou a morte da
religiosa de "forma fria, corvarde e premeditada", colocando questões
patrimoniais e territoriais acima da vida de Dorothy. O condenado tambén terá
que arcar com o pagamento das custas do processo.
O crime ocorreu em 12 de fevereiro de
2005, no município de Anapú. Conforme apuração do caso, a motivação seria o
interesse dos fazendeiros na área de terras destinada a assentamento de
colonos, para implantação do Projeto de desenvolvimento Sustentável (PDS),
coordenado pela missionária.
Este foi o quarto julgamento de
Vitalmiro. No primeiro, que ocorreu em 2007, ele foi condenado a 30 anos de
prisão, mas naquele ano, quem recebia pena superior a 20 anos tinha direito a
um novo júri, e Bida voltou ao banco dos réus em maio de 2008, sendo absolvido.
O Ministério Público recorreu da sentença e o julgamento foi anulado. Novo júri
foi marcado para março de 2010 e adiado para abril do mesmo ano porque a defesa
do fazendeiro não compareceu ao julgamento. No terceiro julgamento, Bida foi
condenado novamente a 30 anos de prisão.
Após o anúncio da sentença amigos e
integrantes de movimentos sociais que acompanharam o júri festejaram a decisão
dos jurados, que por maioria dos votos, acolheram a tese sustentada pelo
promotor de justiça Edson Souza, de que o fazendeiro é coautor de homicídio
duplamente qualificado.
A sessão do júri foi aberta por volta
das 08h da manhã desta quinta-feira, no salão do júri do Fórum de Belém, sob a
presidência do juiz Raimundo Frexa. O plenário, com capacidade de 170
poltronas, não foi suficiente para o número de pessoas que vieram de Anapu,
Pacajá e cidades adjacentes para assistir ao julgamento.
Durante a manhã os jurados ouviram
depoimentos das oito testemunhas apresentadas, três delas arroladas pela
acusação e as demais pela defesa do réu. Um dos depoentes foi o delegado da
Policial Civil, Waldir Freire Cardoso, que presidiu o inquérito policial.
Ele ratificou a conclusão da investigação policial que chegou aos mandantes da
morte da missionária.
Uma das testemunhas da defesa do réu
foi o ex-policial federal condenado por fraude pela Justiça Federal, que cumpre
pena de prisão em regime fechado. O ex-agente federal Fernando Luiz da Silva
Raiol afirmou ter sido segurança de Dorothy. Ele disse que durante as
investigações, por ocasião do depoimento de Vitalmiro Moura na polícia Federal,
teria sido declarado que o policial Marcelo Luz é quem teria repassado a arma
usada no crime para Amair Feijoli Cunha, Tato, que por sua vez repassou a
Rayfran Sales.
Ao depor, Feijoli Cunha alegou ter
sofrido pressão para se beneficiar com a delação premiada, incriminando os
fazendeiros de terem encomendando a morte de Dorothy Stang. Tato disse ter sido
pressionado pelos promotores públicos e por sua advogada de defesa. Raifran
Sales também procurou beneficiar o fazendeiro e negou os primeiros depoimentos
prestados à Justiça.
O fazendeiro Vitalmiro Moura foi
interrogado primeiramente pelo juiz presidente da sessão e em seguida pelo
promotor de justiça Edson Souza. Após respodner às perguntas da promotoria de
justiça, Bida passou então a responder aos seus advogados de defesa, Eduardo
Imbiriba seguido de Arnaldo Lopes.
Debates - A
promotoria de justiça e advogados de defesa tiveram, na primeira
etapa das sustentações orais, iniciada às17h15, um total de quatro horas para
convencerem os jurados de suas teses. O primeiro a se manifestar na tribuna foi
o promotor de justiça. Ele ratifica a acusação de que o réu é um dos mandantes
e pagaria juntamente com Regivaldo Galvão a quantia de 50 mil para matar
a irmã Dorothy.
Fonte: Coordenadoria de Imprensa
Texto: João Vital e Glória Lima
Foto: Ricardo Lima