PRISÃO DE
CUNHA ABALA; CONGRESSO E PLANALTO
“O Fim Da Impunidade? Artigo De Montserrat Martins”
EcoDebate]
Temer voltou um dia antes do Japão, sem declarar o motivo. No Congresso
Nacional, os entrevistados tinham expressões tensas. Nas redes sociais, até
quem não gosta de política comemorou a prisão do Cunha, com aquele sentimento
de que “não é todo dia que a gente ganha uma deles, hoje é pra comemorar”.
A prisão do Cunha tem impacto igual ou maior que o próprio impeachment,
pois Cunha era o maior símbolo de impunidade desse país, flagrado há muito
tempo com contas não declaradas no exterior, manipulador de votações no
Congresso, chantagista notório. #FalaCunha e #DelataCunha são agora a grande
expectativa do país, uma expectativa popular e suprapartidária.
A diferença entre a queda da Dilma e a prisão do Cunha está na
unanimidade nacional, pois embora impopular o governo ainda tinha defensores,
Cunha nem isso, muito pelo contrário. Com todas evidências de seus roubos,
associadas ao seu tráfico de influência e ao mau uso do seu poder parlamentar,
sua liberdade era uma afronta à consciência nacional.
No caso da queda do PT sua maior derrota nem foi o impeachment, foi o
ironicamente chamado “golpe eleitoral” que tomou nas urnas agora em outubro de
2016, com as raras exceções dos municípios onde os prefeitos petistas
conseguiram manter a aprovação popular.
O moralismo que dominou o clima político brasileiro no impeachment, que
foi confirmado com a rejeição ao PT nas urnas em quase todo o país, estaria
incompleto e seria meramente um preconceito partidário se não sobreviesse a
prisão do Cunha. Todo moralismo teria sido em vão, se ele servisse para punir
um só partido, quando todos nós sabemos que a corrupção tem tentáculos
suprapartidários, tal como o próprio Cunha, criado no PMDB mas um notório
corruptor de todos os partidos.
Dizem os petistas, desconfiados, que a prisão do Cunha seria mera forma
do juiz Sérgio Moro se mostrar imparcial para em seguida decretar a prisão do
Lula. Pode até ser, mas para Lula e o PT nenhum golpe, nem mesmo a prisão,
seria maior que a derrota eleitoral, que lhe esvazia o argumento de golpe no
impeachment, pois até então se diziam detentores dos votos da maioria do povo.
O cenário das prisões, no momento, não autoriza a interpretação da
parcialidade, pois até mesmo grandes empresários tem sido presos, homens que
até ontem mandavam e desmandavam nesse país. Que tipo de “complô das elites”,
que supostamente incluiria o Judiciário, colocaria na cadeia donos e executivos
de empresas deste porte? A prisão do Cunha, agora – e as perspectivas de
delação que isso abre – mostram que há esperanças, no país, de uma luta séria
contra a corrupção.
Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico
psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS –
Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.
"O fim da impunidade? artigo de
Montserrat Martins," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394,
21/10/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/10/21/o-fim-da-impunidade-artigo-de-montserrat-martins/.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido
e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o
caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica
EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim
diário, basta enviar um email para
newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e
você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de
origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica
EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para
newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou
ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma
mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é
instantânea.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.