Juizes brasileiros soltam
nota e dizem não a PEC 241
Publicado por: A Redação
PUBLICADO EM : 31/10/2016
“Com a
PEC 241 o Executivo passará a ser o ‘super poder’, controlando os demais
poderes e o Ministério Público por meio dos recursos financeiros. A longo
prazo, o Judiciário será obrigado a fechar varas diante da impossibilidade de
contratação de novos juízes e servidores. A pretexto de controlar gastos, a
medida irá dificultar o enfrentamento da corrupção, essa sim a raiz da crise
econômica brasileira” afirma o presidente da Associação dos Juízes Federais
(Ajufe), Roberto Veloso.
Confira
a nota:
Nota
da AJUFE sobre a PEC 241
A
AJUFE – Associação dos Juízes Federais do Brasil – vem a público trazer algumas
considerações sobre a PEC 241, a chamada PEC do Teto, bem como rebater algumas
inverdades que vêm sendo divulgadas na mídia sobre a intenção das associações
de Magistrados e Procuradores da República ao se manifestarem contrariamente ao
referido projeto de emenda constitucional.
O
governo, diante do rombo financeiro deixado pela má gestão e corrupção,
culpando unicamente o serviço público e sob o pretexto de controlar os gastos
excessivos e permitir que o país volte a crescer, pretende impor um
congelamento no orçamento, estipulando que as despesas de um ano não poderão
ultrapassar a inflação do ano anterior.
O
governo faz manobras para aprovar rapidamente a emenda, sem qualquer debate
prévio e amplo com participação da população, que vai sofrer diretamente seus
efeitos.
Investimentos
em áreas essenciais – saúde, educação e assistência social – estarão limitados
caso referida emenda constitucional seja aprovada, e nenhum debate é proposto
para que a sociedade civil possa ter conhecimento do alcance dessa reforma e
das suas consequências.
O mero
reajuste pela inflação não é suficiente para suprir a despesa gerada pelo
simples aumento da população que, em situações de crise economia depende ainda
mais dos serviços públicos.
Outrossim,
o raciocínio de que o rombo no orçamento federal vem do pagamento de salários
ao funcionalismo público não pode ser levado em consideração, uma vez que os
valores apontados em ranking recentemente divulgado pelo jornal O Estado de São
Paulo não correspondem à realidade, especialmente da magistratura federal.
E, ao
contrário do que ali consta, o Poder Judiciário sofreu fortemente com os cortes
orçamentários impostos para o ano corrente, o que já vem prejudicando a
prestação do serviço e a própria manutenção dos fóruns, gerando demissões em
massas de funcionários terceirizados que lidavam com a limpeza e segurança e
também de estagiários.
A
alegada independência orçamentária do Poder Judiciário não existe na prática,
apesar de constitucionalmente prevista. Além disso, ao contrário do que foi
afirmado na reportagem, nenhum reajuste foi concedido este ano à Magistratura e
ao Ministério Público Federal, enquanto outros reajustes foram dados a diversas
categorias de funcionários do Poder Executivo.
O governo também contra-argumenta que, sem a aprovação da PEC, a única alternativa é o aumento de impostos.
O governo também contra-argumenta que, sem a aprovação da PEC, a única alternativa é o aumento de impostos.
A
Ajufe aproveita o ensejo para ressaltar que sempre se manifestou favoravelmente
à reforma tributária, que vem sendo sucessivamente adiada por diferentes
governos e legislações. Ressalte-se que a carga tributária que incide sobre o
contribuinte brasileiro é altíssima, sendo que a única medida tomada pelos
governos é sempre a maior oneração do contribuinte.
Boa
gestão dos gastos públicos é essencial para qualquer economia, pública e
privada. No entanto, além de impedir qualquer debate sobre as novas medidas
propostas, o governo impõe restrições para um período extremamente longo, de 20
anos, durante o qual não poderá haver nenhuma expansão no serviço público além
do crescimento da inflação, o que, como visto, é insuficiente para conter a
simples demanda.
Especificamente
no tocante ao Poder Judiciário, investimentos deixarão de ser feitos, novos concursos
não poderão ser abertos, a demanda de processos aumentará e a força de trabalho
não, gerando mais atraso na prestação jurisdicional. E outras restrições
atingirão também os serviços de saúde, assistência social, educação e toda a
população brasileira sentirá seus efeitos nefastos.
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