sábado, 21 de janeiro de 2017

POSSE DE TRUMP

Com apelos ao povo, às armas e a Deus (e com alguma repressão) termina a era Obama e começa a Trump

(TRUMP POSSESSION
With appeals to the people, to the arms and to God (and with some repression) ends the era Obama and begins to Trump)



POR http://www.esquerdadiario.com.br/
Leandro Lanfredi  -  Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi


O discurso da posse de Trump continuou as ondas de choque no
 establishment midiático americano. Comentaristas irritados com o populismo de suas palavras nas redes de TV. Não só o establishment midiático engoliu mal as palavras do presidente eleito. As câmaras mostravam Obama desolado, ou no mínimo incomodado com as palavras de Trump. Um discurso de posse que coroa um dia com manifestações e repressão, de um país que não se unifica com a posse de seu 45o presidente.
Quase um terço dos deputados democratas boicotaram a cerimônia, mostrando a falta de normalidade institucional no que está passando nos EUA. Sanders, no entanto, estava presente. O candidato democrata “anti-establishment” ao lado de um veterano republicano tradicional, McCain, mostra como Trump levou muito mais longe que Sanders a ruptura com o “tradicional”. Sequer um protocolar apelo aos votantes de Hillary, Trump fez. Seu apelo foi diretamente ao povo contra os políticos. Expressando em vivas cores a crise de representatividade e como esse agressivo bilionário busca construir sua popularidade de novas maneiras.
Sanders com McCain na posse
A ruptura discursiva de Obama a Trump é marcante. O novo presidente começou apelando a um público eleitor religioso e com raiva da política tradicional, afirmando “Essa não é uma mera transferência de poder de uma administração a outra, de um partido a outro, mas de Washington, para vocês, o povo.” Toda uma retórica do povo contra os políticos e a elite, o establishment, flamejante de um patriotismo isolacionista, das fábricas americanas, dos empregos americanos, das fronteiras americanas.
Repetidas referências às fronteiras, forças armadas e empregos expressavam uma continuidade do essencial de suas promessas eleitorais, sem arroubos de xingamentos, mas em sua essência. Também continuaram a reacionária cerimônia religiosa que ele escolheu para o dia, com um pastor conhecido por seus discursos de ódio para discursas sobre os “muros sagrados de Jerusalém” e um “líder escolhido por Deus”.
As promessas de emprego, riqueza, e segurança (armada) reafirmam suas posições a um setor do eleitorado que o escolheu, no entanto, até o momento não lhe garantem uma hegemonia. Em meio aos discursos triunfais os patriotas de cassetete de Trump reprimiam manifestantes contra Trump. Cidades por todos os EUA e mundo já tiveram ou terão manifestações. Amanha se espera uma grande manifestação de mulheres.
Aqueles que esperavam um Trump mais suave não encontram isso no discurso. De agora em diante se verá nas ações se poderá cumprir tantas promessas de emprego e riqueza, e como poderá casar isso com isenções de impostos aos ricos (parte do programa não mencionada no discurso) e um agressivo discurso do “nosso Deus” que “nos protegerá” junto a “nossos homens e mulheres das Forças Armadas”.
Começa a era Trump, com amor às fronteiras, com promessa de fazer a “América Grande”, com promessas de apelar ao povo contra o establishment. A posse, com os cassetetes e discurso de apelo ao povo contra os políticos aponta como os elementos de crise nos EUA não se apaziguarão tão facilmente, pelo contrário.

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