Benefícios do INSS são mais de 25% do PIB de 500
cidades brasileiras
Levantamento mostra que dependência em
relação a valores pagos pela Previdência Social passa de 60% em alguns
municípios do país.
Por Glauco
Faria
O
jornal Valor
Econômico divulgou um
levantamento nesta quarta-feira (11) mostrando que os benefícios pagos pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representam 25% do PIB em ao menos 500 municípios do país.
Com
dados de 2014, o estudo mostra que a dependência das cidades em relação a
valores pagos pelo INSS aumentou desde 2010. Naquele ano, eram 457 os
municípios que tinham seus PIBs dependentes dos valores da Previdência Social
em uma proporção maior que 25%, sendo que em 228 cidades esse índice
ultrapassava 30%, número que pulou para 262 municípios em quatro anos depois.
Em cidades como Condeúba, na Bahia, os benefícios previdenciários
respondem por 66% da economia; já em Paulistana, no Piauí, o
percentual alcança 61,2%.
Ainda
não há estudos a respeito do impacto que a “reforma” da Previdência poderá ter em cidades pequenas que têm
parte significativa de suas economias locais atreladas aos benefícios pagos
pelo INSS. Mas as perspectivas não são das melhores. Boa parte dos vencimentos
previdenciários corresponde ao valor de um salário mínimo, e a PEC 287 abre
a possibilidade de aproximadamente 4 milhões de pensionistas passarem a ganhar menos do que
o piso nacional, o mesmo acontecendo com 4,4 milhões de pessoas que
recebem benefícios de amparo assistencial (LOAS), sendo 2 milhões de idosos e
2,4 milhões de pessoas com deficiência.
Nesta entrevista, a professora do Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Denise Gentil já
falava a respeito da questão. “Haverá um grande problema para as pequenas
cidades do Nordeste e do Norte, que recebem dinheiro advindo da esfera federal
por meio da Previdência. Ela é a grande dinamizadora dessas pequenas economias,
que recebem mais recursos do INSS, com as aposentadorias e pensões, do que do
fundo de Participação dos Municípios. Nessas economias, vai se provocar um
grande êxodo para as cidades, e isso é a ampliação do caos urbano”,
ponderava. Em 2012, em 71,8% das cidades brasileiras o total mensal
repassado com o pagamento de benefícios superou o repasse realizado pelo Fundo de Participação
dos Municípios (FPM).
A
combinação entre os benefícios previdenciários e a política de valorização do
salário mínimo, aliás, é fundamental para o combate à desigualdade. Segundo a Secretaria
de Previdência Social, tendo como base dados da Pnad de 2012, o percentual de
pessoas abaixo da linha de pobreza no Brasil naquele ano era 27,4%. Sem a
Previdência, de acordo com o órgão, esse índice teria se
elevado para 40,1%. Com a desvinculação de parte dos benefícios
previdenciários em relação ao salário mínimo, a pobreza pode voltar a subir, em
especial nos municípios de pequeno porte.
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