Sociólogo; Zygmunt Bauman falece aos 91 anos.
Ao
longo da carreira de escritor, que iniciou nos anos de 1950, desenvolveu os
parâmetros de uma sociologia crítica, abordando temas como as classes sociais,
o socialismo, o Holocausto, a hermenêutica, a modernidade e a pós-modernidade,
o consumismo e a globalização.
Zygmunt Bauman em 1939, com o início da II Guerra Mundial, mudou-se para a antiga União Soviética, em fuga às forças nazis de Hitler. |
Zygmunt
Bauman trabalhava como sociólogo e era professor emérito na Universidade de
Leeds, no Reino Unido, onde deu aulas durante mais de 30 anos, construindo uma
obra caracterizada por uma visão crítica da sociedade pós-moderna e
globalizada.
Bauman
nasceu em Poznan, na Polónia, em 19 de novembro de 1925, no seio de uma família
judia.
Em
1939, com o início da II Guerra Mundial, mudou-se para a antiga União
Soviética, em fuga às forças nazis de Hitler.
Depois
de se alistar no exército polaco, que se aliou à frente russa, acabou por
regressar ao seu país, no final do conflito, lecionando Filosofia e Sociologia
na Universidade de Varsóvia.
Filiou-se
no Partido Comunista aos 19 anos, ao qual se manteve ligado até 1967.
Com
o afastamento da linha dominante de Moscovo, foi alvo de perseguição política
durante 15 anos, expulso da universidade e proibido de publicar.
Em
1968, Bauman e a mulher, Janina, perderam o trabalho na Polónia e partiram para
o exílio, em Israel, onde o filósofo passou a lecionar na Universidade de
Telavive.
Seguiu-se
o ensino em universidades dos Estados Unidos e Canadá, antes de se fixar no
Reino Unido, em 1971, acabando por entrar no corpo docente da Universidade de
Leeds.
Ao
longo da carreira de escritor, que iniciou nos anos de 1950, desenvolveu os
parâmetros de uma sociología crítica, abordando temas como as classes sociais,
o socialismo, o Holocausto, a hermenêutica, a modernidade e a pós-modernidade,
o consumismo e a globalização.
Reconhecido
por uma abordagem que incorporou a filosofia e outras disciplinas, Zygmunt
Bauman foi uma forte voz para os pobres, num mundo revoltado pela globalização,
como destacam as agências internacionais de notícias.
As
suas obras estão publicadas em Portugal pela Relógio d'Água, nomeadamente
"Confiança e medo na cidade", "Cegueira moral",
"Estado de crise" (com Carlo Bordoni), "A vida
fragmentada", assim como "A sociedade sitiada", pelo Instituto
Piaget.
Entre
os seus livros destacam-se ainda "A modernidade líquida" (2004),
"Amor líquido: acerca da fragilidade dos vínculos humanos" (2005),
"Europa, uma aventura inacabada" (2006), "Ética
pós-moderna" (2006), "Tempos líquidos" (2007), "Vida de
consumo" (2007) e "Liberdade" (2008).
No
seu último livro, "Viver com o tempo emprestado", que publicou em
2009, analisou o estado atual e os desafios que enfrenta o mundo globalizado,
em que tudo - a natureza, o ser humano - se converteu em mercadoria.
A
crise dos refugiados, a perda de direitos e a construção de muros nas fronteiras,
em vez de pontes, dominam o último ensaio de Bauman, publicado no final de
2016, "Estranhos batendo à porta", no qual analisa o impacto das
atuais vagas migratórias.
Bauman
culpa os políticos que se aproveitam do medos dos “deserdados e dos pobres” e
assegura que a política de construção de muros está destinada a fracassar a
longo prazo.
Entre
outras distinções, Bauman foi galardoado com o prémio Amalfi de Sociologia e
Ciências Sociais (1992), o prémio Theodor W. Adorno (1998) e venceu ainda o
prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação em 2010.
Agência Lusa. http://www.esquerda.net/
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